Teosofone X – O Mundo em Revista
George estava lendo uma revista quando a Face de Deus apareceu, duas páginas, se fosse propaganda teria custado bem caro. George ficou feliz, seu rosto parecia oleado, os olhos estreitaram e brilharam de prazer.
- George, tô vendo que você está gostando de me ver (com George Deus era bem coloquial).
- Tô sim. Fico pensando em como minha vida era péssima antes de te ver e antes de conversar com você.
- Tá feliz, George?
- Fora as memórias, tô sim, tô sim.
- Que bom, George. Que você tem feito?
Como se fosse preciso perguntar. Apenas delicadeza, Deus sabia de tudo.
GEORGE (o rosto dele ficou quente, ele era todo modesto) – tô conversando com uns bilionários, criei o Clube do Bilionário.
DEUS (esticando a conversa) – por quê?
GEORGE (George apreciou sobremaneira o gesto) – tô conversando com eles para produzir ação conjunta, contratar cientistas e pesquisadores das outras formas de conhecimento, juntar todo mundo, buscar uma ação meritória, caridade, amor, aquilo que São Paulo falou.
DEUS – Paulinho, gosto muito dele, um menino bom.
GEORGE – pois é, já juntamos bastante dinheiro, em vez de um só agir vamos juntar vários, alcançar massa crítica, colocar uma Universidade da Solução, UNISOLUTO: uma terra, um povo.
DEUS – gostei, George, foi uma boa iniciativa.
GEORGE (todo feliz de ver os méritos reconhecidos) – obrigado. Ainda não paga o que fiz de errado, mas estou tentando.
DEUS – você está indo bem, George, não se castigue, o seu esforço é legítimo, estou gostando, parabéns.
George só faltou derreter.
GEORGE – vem cá, a Terra tá bem na fita ou deixando muito a desejar?
DEUS (transformando a revista numa pilha enorme de páginas, ao olhar pra baixo a ponta sumia no infinito) - não pense que a Terra está em primeiro, é apenas conveniência para você olhar.
Quando George olhou o planisfério foi se abrindo enquanto ele mirava e os gráficos e tabelas mais perfeitos iam apontando tudo, mas da forma verdadeira, não escamoteada, não bastava dizer que fazia sem fazer de fato, como os políticos brasileiros, que prometiam muito e faziam quase nada, e não sem roubar. Puxa, melhor que Excel muita coisa. Quando ele pensava em alguma empresa já aparecia tudo dela, quem procurar, que estava suscetível de doar. Quando Deus gosta de alguém vai fundo, é algo para arrasar, George não sabia o que dizer. Todos os podres também, não que George fosse usar, ele era outro, agora.
DEUS – só uma ajudinha, George, mas não mostre pras pessoas, iria tumultuar.
GEORGE – veja só esta, quem diria! E esta outra! E estes estavam ajudando em surdina, sem ninguém saber.
DEUS – são desses que eu gosto mais, George.
Serra, terça-feira, 23 de julho de 2013.
José Augusto Gava.
No comments:
Post a Comment