Na mesa de bar o companheiro chegou,
cumprimentou todo mundo um por um, abraçou alguns mais chegados, sentou-se e
declarou bombasticamente:
- Gente, tou mudando minhas convicções.
O pessoal se olhou, estranhando muito.
- Será que virou boiola?
- Logo o Dagoberto, que era macho pra
caralho, virou folha.
- Se o Dag bichou, eu também vou
fraquejar, Jesus Cristo.
O Ramuel tomou coragem e perguntou na
bucha.
- Porra, Dagoberto, não vai dizer que você
virou veado? Pra mim tudo bem, mas é que logo você?
- Não, gente, não é nada disso. Veja só. Eu
não acreditava em morto-vivo, ria pra caramba daqueles palhaços do cinema com
os braços e as pernas tortas, balançando e agora, vejam só, com mais de 50
anos, o que nós somos?
O pessoal concordou unanimemente.
- É mesmo, tudo morto-vivo.
- Tem razão, Dag.
- Depois, o seguinte: eu não acreditava em
morte após a vida e esses dias morreu o João e nós continuamos vivos, então
existe mesmo vida após a morte, né?
- É, de fato.
- Tem razão.
- Eu acreditava, pobre de mim, que os
policiais estavam aí para caçar os ladrões e, no entanto, os ladrões como o
Lalau, a Georgina, o Jader, o Sarninha, os amiguinhos do Lulambão estão todos
soltos.
- Tu é o maioral, Dagoberto.
- Maioral, maioral, trimaioral.
- Isso não existe, Sid.
- Inventei agora, Dagoberto é o trimaioral.
Pra classificar ele só isso.
- Pensei que algumas coisas eram
impossíveis de acontecer, mas vejam o Lula apoiando a Roseana Sarney, o Collor
e outros da mesma laia.
- Tô contigo, Dag, também reformei minhas
convicções.
Os carinhas da mesa já tavam aplaudindo o
Dagoberto.
- Porra, Dagoberto, de onde tu tirou isso?
- Muitos anos pensando.
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