Saturday, November 30, 2013

Nanociência (da série Cometários)


Nanociência

 

Em seu livro Nanociência (A revolução do invisível), Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2009 (sobre original de 2008), os autores Christian Joachim e Laurence Plévert dizem nas páginas 26 e 27:

1.       “A realidade é outra, pois se esse discurso [de Feynman em 1959] precedeu os sucessos das nanotecnologias, não os engendrou, sequer influenciou”;

2.       “Nos anos seguintes, suas afirmações não tiveram maior impacto, caindo no esquecimento”;

3.      “Esse discurso de Feynman só se tornou conhecido a partir dos anos 1990, quando Eric Drexler exumou-o a fim de utilizá-lo como apoio para suas próprias ideias”;

4.      “Feynman não previu o advento da nanotecnologia, como muitas vezes se escreve”.

Não sabia disso. Pela propaganda tinha como certeza ter Richard Feynman (americano, 1918 a 1988, 70 anos entre datas) estado na origem. Parece que ele apenas chamou atenção dizendo “Há muito espaço lá embaixo” no tal discurso de 1959.

É bom conhecer os fatos ou pelo menos uma das interpretações, mas é desairoso subtrair prestígio a um colega, daí eu ter usado o prefixo nano (do grego, nannos, anão) para compor, com ciência, nanociência, ciência-anã, referindo-me a essa ciumeira - relativa a quem produziu ou não tal ou qual ideia - que tão está deselegantemente lavrando em toda parte, inclusive no Brasil e no Espírito Santo na UFES. É muito triste.

Como disse Fernando Pessoa e não canso de citar, “tudo é grande quando a mente não é pequena” (ou, como coloquei várias vezes, tudo é pequeno quando a mente não é grande).

Pouco importa se Feynman não esteve na invenção do microscópio de tunelamento em 1981, se não participou ativamente das buscas que levaram às nano-aplicações. Ele disse, não disse? Com o prestígio dele chamou atenção de alguns, não chamou? É quanto basta. A vida passa com celeridade tão grande, há tanto a fazer que as pessoas não deveriam tomar o dos outros nem se ater a detalhes.

Serra, segunda-feira, 11 de outubro de 2010.

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