Wednesday, July 03, 2013

Alimenta-são (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


Os governos fazem muitas coisas inúteis e gastam muito mal nosso dinheiro suadinho, mas nesse caso em especial posso garantir que foi bem usado.
Em algum momento alguém se perguntou: com esses avanços todos da medicina-odontologia, da biologia-p.2 (segunda ponte), da química, da psicologia, de tudo mesmo, POR QUÊ OS SERES HUMANOS ADOECEM? Há a educação, o nutricionismo, a pedagogia, os conselhos tutelares e da família, uma quantidade imensa de gente disponível.
Qual a razão de a alimentação contribuir para o adoecimento das pessoas e não para a saúde?
Quais são os elementos da “bandeira elementar”? Quais seriam os melhores conselhos quanto ao ar, ao uso da água, ao aproveitamento da terra/solo, à aplicação da energia? Se fossem reunidos especialistas, o que poderíamos fazer?
Aplaudi esse cara, bati palmas mesmo.
Em resumo, ele pensou (li o livro dele cinco ou seis vezes, nas sucessivas edições ampliadas): e se reunirmos todos esses especialistas? Quer dizer, se os colocarmos juntos durante várias semanas e nos anos seguintes se correspondessem os representantes de todas essas áreas? E se eles estivessem REALMENTE preocupados com os seres humanos todos? E depois, voltando a suas nações, se os governos de cada país divulgassem as diretrizes? Para as crianças, os jovens, os adultos, os maduros e os velhos, o que seria melhor? Para as mulheres e os homens? Para as altitudes, latitudes, longitudes, perto e longe do mar, consumindo produtos da terra ou da água, o que seria melhor? Água ou bebidas quentes e frias, doces, salgados, condimentos, gorduras, light e diet, o que aconselhar?
Bem, ficaram nisso anos, foi debate intensíssimo, muito acirrado.
Absorvente, consumiu muito dinheiro, porém os resultados foram extraordinários para o futuro da humanidade.
Atribuíram a cada ser humano uma carteira que leva o tipo sanguíneo, o fator RH, peso, altura, padrão esquelético, cor, sexo, idade, doenças, tudo, tudo, tudo num smart card, um “cartão inteligente” com um chip verdadeiramente poderoso que de cinco em cinco anos recebe atualizações. Cada restaurante, lar, bar, todo lugar recebeu máquina e cada produto tem etiqueta com seu tipo enquadrado. Bem, isso diminuiu DEMAIS as idas a hospitais, a consultórios de dentistas, a farmácias – obviamente os governos foram obrigados a reorientar os empregados das indústrias privadas e os funcionários dedicados à vigilância delas, com ganhos consideráveis. Que alimentos cabiam em tais ou quais horas do dia em determinados serviços? Os cartões indicavam tudo, bastavam inseri-los, recusavam tais ou quais alimentos. Claro que ficava a liberdade de proceder diferentemente e durante anos os resistentes foram condenados a sofrimentos de que os outros ficaram livres. Com o tempo, quase todos aderiram, menos os super-resistentes de sempre.
Inserido o cartão ele indica, dentre todos os produtos oferecidos no lugar, quanto consumir. Que porções? O que está definitivamente vedado? Apontado o cartão para o código de barras, ele o lê e numa tela anexa, pequena, aconselha ou não a consumir.
Bem, hoje morreu o idealizador do sistema. Não creio que essas poucas palavras bastem para expressar toda nossa gratidão, numerosíssimos livros foram escritos. É somente agradecimento deste sacerdote que ganhou pelo menos 40 anos a mais de vida. Deus o tenha.

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