Tuesday, July 30, 2013

Documentários da VVC (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


- Você já reparou que os documentários da VVC, por exemplo, aquela série Caminhando com os Tiranossauros, parecem realistas DEMAIS?
- Agora que você falou, fiquei me perguntando isso várias vezes. A água parece água mesmo, com as borbulhas, as bolhas grandes com bolhas pequenas por fora, a gente fica impressionado. Teve uma vez que um dinossauro piscou pra mim, fiquei todo arrepiado, parecia que ele estava olhando para a câmara e diretamente para mim...
- Pois é, eles conseguiram realismo demais, né?
- Puxa, fico verdadeiramente maravilhado. Quando eles falaram do Oceano Tetys, foi como se eu estivesse lá. As texturas de cada época, todos os milhões de anos e olhe que sou pesquisador, paleontólogo da linha de frente. Primeiro pensei que os bichos fossem feitos como naqueles filmes pobres de antigamente, com imitações movidas por mecanismos modelados, mas não, parecia algo diferente.
O outro estava vibrando de animação.
- E já reparou como a câmara parece ficar pairando? E que vai se aproximando, você prestou mesmo atenção?
- Sim, é surpreendente!
O outro estava quase pulando para fora do corpo.
- Futuro.
- O que é futuro?
- Documentários.
- É o caminho do futuro? Documentários já existem há muito tempo.
- Não (ele olhou para um lado e outro da mesa de bar e falou baixinho). Vem do futuro.
- O que vem do futuro? Tá doido? Nada vem do futuro, tudo vem do passado.
- Fale baixo. Não, rapaz, os documentários da VVC vêm do futuro. Há entrega todo sábado, oito dias antes, só toca num aparelhinho que eles entregaram. Entendeu?
- Entendeu o quê?
- Porque é tudo tão realista?
- Por quê?
- Ora, PORQUE ELES FILMAM NO PASSADO MESMO, você é difícil de entender as coisas, hem?
- Tá de gozação!
- Não.
- É porisso que é tudo tão realístico!
- Então.
- Tô dentro. Trabalharia até de graça. Não é leitor de DVD?
- Que nada. O sistema todo é uma espécie de caneta, não tem ligação nenhuma, não tem acesso, não recebe, só emite e só para aquela específica máquina nossa. É inviolável, não dá para abrir, já tentamos de tudo. Não tem jeito de provar que é do futuro, pois não temos acesso, pra todos os efeitos é uma caneta mesmo, até escreve. TOTALMENTE BLOQUEADA. Sem a mínima chance. Como sabemos que é do futuro? Você pode examinar as telas em máxima ampliação, não existe nenhuma falha. Pode ampliar indefinidamente, sempre há detalhes cada vez mais precisos. Pega um galho de árvore, vai ampliando de modo indefinido até as células. E se colocar em 3D ou 4D (com o tempo) em máquina que já construímos, pode ver o ambiente todo em volta. Já fizemos todo tipo de teste, não há a mínima falha. E se você investigar no canto inferior direito, há assinatura de tempo e enquadramento LAL (latitude, altitude, longitude). Se olhar para cima vê as estrelas daquela época. Os tecnocientistas estão usando o material para estudar o passado e ver a evolução AO NATURAL.


Serra, terça-feira, 03 de abril de 2012.

José Augusto Gava.

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