Hostilidade e Indiferença: Carro, Diploma,
Orgulho e Distanciamento.
Toda crise tem um elemento ativo, o
motor energético da crise (a estrutura que injeta movimento nela) e um elemento
passivo, a carroceria ou corpo da crise (que é a forma dela).
O motor, já vimos, levou às decisões
erradas.
A forma veio daquilo que as decisões
erradas proporcionaram, basicamente o orgulho e o que o referendou, ter todos
os elementos de status (carro, casa, piscina, jóias, casa de campo, poupança,
etc.; diploma com a falsa sabedoria acoplada, a super-autossuficiência).
Tudo isso provocou distanciamento.
E veja como é sutil.
O distanciamento diz apenas que as
pessoas são tolas.
O
PIB E A DÍVIDA DA ITÁLIA E DE VÁRIOS PAÍSES (tempo das Itálias gordas e das
Itálias margas) – ninguém indaga DÍVIDA X CAPACIDADE DE PAGAMENTO.
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A Itália deve, grosso modo, 2,0
trilhões DE EUROS (128 % do PIB, que foi de 1,8 trilhões de dólares em 2007),
não são reais e nem sequer dólares (2,3 trilhões de dólares, comprometendo 4,8
% do PIB por ano – lembre-se que as receitas governamentais ficam em torno de
25 %; logo, logo, o escandaloso “serviço da dívida” acaba por comprometer a
proteção essencial).
Na Itália cheguei por acaso às
fotografias e aos mapas do Google Earth de Val di Funes (Vale
do Funes, acho), que é lugar belíssimo onde a super-ordem habita, como na
ficção de T. R. R. Tolkien na Vila dos Hobbits, onde todos vivem despreocupados
e distantes uns dos outros, fazendo questão desse distanciamento.
VAL
DI FUNES
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Acontece que com essas coisas todas
- esse afastamento - as pessoas DEMORAM A REAGIR, e por assim dizer a
“reagibilidade” delas torna-se baixa, ao passo que a dos pobres e miseráveis é
alta, ou seja, estes “saltam” tão logo são tocados, estando dispostos a mudar
de lugar e a ajudar ao próximo, ao passo que a inércia dos ricos e médio-altos
é alta, eles demoram a reagir e prover ajuda aos vizinhos no caso de
tempestades.
A
REAÇÃO DOS RICOS
(demorar um tempão para “engatar marcha” e se movimentar, mas pelos lados do
final a operacionalidade deles sob perigo extremo é alta)
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REAÇÃO
INICIAL MUITO RÁPIDA
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REAÇÃO
FINAL
MUITO
EFICAZ
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Os miseráveis e pobres, que não tem
poder nenhum, reagem rápido, ao passo que os médio-altos e ricos, que detém
quase todo o poder, reagem muito lentamente PORQUE não ligam para os vizinhos,
sem sabem quem são, nem se preocupam com eles.
O resultado é duplo:
2
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x
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1
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A carroceria da crise é esmagada
imediatamente e mergulha no caos mais rápido (então, parte para o
enfrentamento revolucionário).
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O motor da crise é proporcionado
pelos ricos e médio-altos, suas gastanças despreocupadas e
des-pré-o-culpadas.
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Miseráveis e pobres.
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Médio-altos e ricos.
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Como já vimos, os psicólogos estavam
dormindo e não fizeram o dever de casa. Estavam no parquinho da vida sendo
crianças e se divertindo a valer, não preocupando em estudar as crises
COLETIVAS [estamos para ver outro “estouro da boiada” daqueles de Emile Zola (Os
Miseráveis), Le Bon (Psicologia das Multidões), John
Steinbeck (As Vinhas da Ira)].
TIRADO
DE ‘A DIMENSÃO TOTAL DOS SANTUÁRIOS’
TEMPO
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AUTOR
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LIVRO
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França, século XIX, 1885.
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Emile Zola
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Germinal
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França, século XIX, 1895.
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EUA, século XX,
1939.
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John Steinbeck
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As Vinhas da Ira
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Enfim, não há quem socorra. Os que
têm poder demoram a ser preocupar com os vizinhos e o parentesco, demoram a
reagir. A carroceria sofre o choque, mas o motor demora a pegar para fugir,
isso leva a coletividade a capotar.
Serra, quarta-feira, 14 de novembro
de 2012.
José Augusto Gava.
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