Tuesday, November 26, 2013

Periguismo (da série Mecânica de Crisoportunidades)


Periguismo

 

Não existe essa palavra.

Criei-a para significar o improvável, a busca do perigo, a superafirmação dele. Sequer existe como doutrina, porque ninguém estuda o perigo (isso é erro clamoroso, que clama solução).

As pessoas buscam as soluções, não os problemas. Até mesmo nas chamadas “ciências exatas” os problemas apresentados são artificiais, criados para induzir os estudantes a buscar as soluções com base nas dificuldades já sentidas.

O QUE EXISTE É O CHAMAMENTO PARA A OPORTUNIDADE (mas quando a porta dela é aberta você adentra na sala dos perigos, que vem junto; a propaganda é a tecnarte psicológica que busca evitar que você se lembre dos problemas, porisso apela para o enfraquecimento, em geral via liberação da libido). Existe o oportunismo, o excesso de oportunidade.

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Sempre são pessoas “bonitas”, isto é, que estão dentro dos parâmetros de exclusão de todos que não se encaixam no molde.
Descrição: http://www.pedrodelemos.net/wp-content/uploads/2011/07/chave_oportunidades.jpg
A promessa é de que com pouco você conseguirá muito, mas se isso fosse possível (inclusive nas loterias e nos bancos), todos não teriam muito?
Descrição: oportunidade de emprego Oportunidades de emprego no Brasil
Focam em você, que na vida não se sente nada especial ou favorecido.
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Colocam lá no alto (seria interessante estudar a psicologia das propagandas com base nestas novidades de percepção).

Em resumo, quando se fala de oportunidade (ações, compra de imóveis, qualquer aquisição, doação, amor, bondade, paz; em todo o lado bom do dicionário uma parte é verdadeira e uma parte é maliciosa ou maldosa: como ninguém tem estrela na testa, perceber, aprender a separar, como disse São Francisco, é dom divino) fala-se de perigos.

Até quando o perigo é mostrado, como nos treinamentos, é só prevenção quanto a evitar o mal.

Não existe perigo à venda, nem mesmo nos jogos infantis de computador, porque a criança não perde senão mentalmente (se fosse diferente os pais e as mães proibiriam; e não veem que realmente perdem todos – mas ao mesmo tempo, ganham, e É PORISSO MESMO que pais/mães permitem no final de contas).

Você vê, TUDO é par polar, mesmo se um lado está em dominância quase total (a total, absoluta, não é possível), inclusive oportunidade-perigo.

Serra, sábado, 17 de novembro de 2012.
José Augusto Gava.

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