Tuesday, July 30, 2013

Documentários da VVC (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


- Você já reparou que os documentários da VVC, por exemplo, aquela série Caminhando com os Tiranossauros, parecem realistas DEMAIS?
- Agora que você falou, fiquei me perguntando isso várias vezes. A água parece água mesmo, com as borbulhas, as bolhas grandes com bolhas pequenas por fora, a gente fica impressionado. Teve uma vez que um dinossauro piscou pra mim, fiquei todo arrepiado, parecia que ele estava olhando para a câmara e diretamente para mim...
- Pois é, eles conseguiram realismo demais, né?
- Puxa, fico verdadeiramente maravilhado. Quando eles falaram do Oceano Tetys, foi como se eu estivesse lá. As texturas de cada época, todos os milhões de anos e olhe que sou pesquisador, paleontólogo da linha de frente. Primeiro pensei que os bichos fossem feitos como naqueles filmes pobres de antigamente, com imitações movidas por mecanismos modelados, mas não, parecia algo diferente.
O outro estava vibrando de animação.
- E já reparou como a câmara parece ficar pairando? E que vai se aproximando, você prestou mesmo atenção?
- Sim, é surpreendente!
O outro estava quase pulando para fora do corpo.
- Futuro.
- O que é futuro?
- Documentários.
- É o caminho do futuro? Documentários já existem há muito tempo.
- Não (ele olhou para um lado e outro da mesa de bar e falou baixinho). Vem do futuro.
- O que vem do futuro? Tá doido? Nada vem do futuro, tudo vem do passado.
- Fale baixo. Não, rapaz, os documentários da VVC vêm do futuro. Há entrega todo sábado, oito dias antes, só toca num aparelhinho que eles entregaram. Entendeu?
- Entendeu o quê?
- Porque é tudo tão realista?
- Por quê?
- Ora, PORQUE ELES FILMAM NO PASSADO MESMO, você é difícil de entender as coisas, hem?
- Tá de gozação!
- Não.
- É porisso que é tudo tão realístico!
- Então.
- Tô dentro. Trabalharia até de graça. Não é leitor de DVD?
- Que nada. O sistema todo é uma espécie de caneta, não tem ligação nenhuma, não tem acesso, não recebe, só emite e só para aquela específica máquina nossa. É inviolável, não dá para abrir, já tentamos de tudo. Não tem jeito de provar que é do futuro, pois não temos acesso, pra todos os efeitos é uma caneta mesmo, até escreve. TOTALMENTE BLOQUEADA. Sem a mínima chance. Como sabemos que é do futuro? Você pode examinar as telas em máxima ampliação, não existe nenhuma falha. Pode ampliar indefinidamente, sempre há detalhes cada vez mais precisos. Pega um galho de árvore, vai ampliando de modo indefinido até as células. E se colocar em 3D ou 4D (com o tempo) em máquina que já construímos, pode ver o ambiente todo em volta. Já fizemos todo tipo de teste, não há a mínima falha. E se você investigar no canto inferior direito, há assinatura de tempo e enquadramento LAL (latitude, altitude, longitude). Se olhar para cima vê as estrelas daquela época. Os tecnocientistas estão usando o material para estudar o passado e ver a evolução AO NATURAL.


Serra, terça-feira, 03 de abril de 2012.

José Augusto Gava.

Diálogo Interplanetário III (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


- Marte, ei Marte.
Marte fez que não escutou.
- Marte, Marte.
Como ele viu que não ia conseguir, falou a contragosto.
- Caramba, agora você nem deixa de um dia para o outro, conversamos agorinha mesmo.
- Meus bichinhos já chegaram aí?
- Que bichinhos?
- Esses que ficam furando minha pele.
- Não, mas eu senti umas coisinhas pousando, só que não eram vivas.
- Pois é, eles chegaram à Lua, a pele dela já é problemática, agora uns deles chegaram lá, ainda bem que não infestaram, voltaram.
- Ó, se você mandar essas coisinhas pra cá vou ficar bravo.
- Não sou eu que mando, eles vão sozinhos. Começaram a sair da minha pele. Chama Júpiter aí.
- Ele não vai gostar, chama você. Por que você não fala com Vênus?
- Ela fica coberta de nuvens, tá na adolescência, sempre enfiada debaixo das cobertas, nem responde, ela é um mistério. Júpiter, Júpiter.
Júpiter fez que não escutou.
- Não adianta você se esconder, sei que você está aí.
JÚPITER (muito aborrecido) – Bem que Marte diz que você é uma chata, tô começando a concordar. Terra, eu tenho mais a fazer com esse monte de filhos. Não se esconde não, Saturno, ela é sua irmã também, pega um pouco do peso.
SATURNO (que estava tentando se esconder, fica ao mesmo tempo embaraçado, sem graça, e irritado) – Caramba, você tinha que me mostrar, poxa, que chato.
TERRA (reparando em Saturno) – Ô, irmãozão, ajuda aí.
SATURNO – do que se trata?
TERRA – os meus bichinhos estão saindo na direção de vocês, ouço dizer que vão pousar em Europa, em Titã, em Ganimedes.
SATURNO E JÚPITER (juntos) – Ah, não.
TERRA – infelizmente, é sim, já mandaram as células deles, os pequenos esporos até Plutão, pobre do infeliz. Mandaram VÁRIOS na direção-sentido de vocês, não repararam?
SATURNO – Até que vi mesmo uns fotografando meus anéis, fotografaram você também, né, Júpiter?
JÚPITER – fotografaram, sim, fotografaram também Netuno, Urano, estão em toda parte, essas praguinhas. Não sei como poderiam nos prejudicar.
TERRA – A capacidade de multiplicação deles é incrível, é um vírus terrível, infestação rápida. Ainda ontem, 15 mil ciclos (Não foi, Marte? Ontem mesmo falei com você, você até reclamou, lembra? MARTE – sim, sim, sim!), eles eram pouquinhos, hoje já são bilhões, esburacaram minha pele toda, tô com umas coceiras incríveis.
SATURNO (desprezando) – problema seu, você que criou.
TERRA – mas é isso que estou falando! Andei ouvindo que eles vão infestar as filhas e os filhos de vocês, dos pequenos aos grandes ainda hoje, sei lá, 200 ou 300 ciclos, talvez menos.
NETUNO – que é isso, minha gente! Deus nos livre! Tão pouco assim? Aqui eles não vêm!
TERRA – você que pensa, eles são terríveis. Quem poderia pensar que criaturinhas assim pequenas iriam inventar os esporos como proteção para viajar no vazio entre nós? Até enviaram esporos na direção de papai, de Mercúrio, de Vênus, já os desceram em Marte, ele que não contou pra vocês...
JÚPITER (com raiva) – caramba, Marte, por quê você esconde essas coisas?
MARTE (enfastiado) – não escondo, só não falei porque pensei que era coisa pouca, banalidade.
URANO – tudo pra você é pouco. Eles proliferarem nesse ritmo não diz nada pra você? Raciocina um pouco, não dói. Pare de pensar nas glórias passadas e pensa no presente, droga!
MARTE – ah, não enche, não, não estou tentando não ver, apenas não dei bola, pensei que a Terra iria se tratar, ela não se cuida, não toma remédio, não toma banho de radiação, fica protegida pelo cobertor atmosférico, não cuida da pele, isso é que dá.
TERRA – ah, Marte, quando você tinha os seus, você também não se cuidava, eu lembro, uns 15 mil dias atrás, 225 milhões de ciclos. Pra onde eles foram?
MARTE – eu vou saber? Cuida da sua vida.


Serra, quarta-feira, 04 de abril de 2012.

José Augusto Gava.

Depois que Voltei do Céu (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


A tribo inteira estava em volta de mim, homens, mulheres e crianças, até as velhas e os velhos, todos mesmo esperando ansiosamente. Não sabia por onde começar, comecei de qualquer jeito.
- Como vocês sabem (olhei para os que estavam comigo na caçada) o vórtice me pegou e me deixou não sei onde, um lugar estranho, longe de nossas áreas de caça, nunca tinha visto. Vieram uns de pele negra (mas tanto tinham rosto negro quanto branco) e me levaram, me chamaram de “mendigo”, não sei como entendia aquela língua, me levaram e despudoradamente tiraram minhas peles, rasparam minha cabeça com as mãos que agora já tinham dentes mais duros que o sílex mais duro.
Uns sorriram aqueles risinhos de mofa idiotas, duvidando, fiquei furioso.
- Foi sim, mão de aço, que depois eles largaram de banda, olhei para o chão e todo meu cabelo estava lá, montes imensos, disseram que era para tirar os piolhos. Fiquei como que nu, sem cabelo nenhum. Depois me levaram mais para dentro da caverna até um buraco e depois de passar algo fedorento em mim, me colocaram debaixo de algo num cubículo, mexeram na parede e começou a cair água quente, quase tive um troço! Dacor, você vai me deixar contar ou quer sair no tapa? Fiquei ali, estava até gostando daquela água quente. Procurei olhar onde estava a cachoeira, mas não havia, a água vinha de cima, do nada! Depois mexeram na parede de novo e parou, eu estava ficando cada vez mais assustado com a magia dos deuses. Levaram-me a outro lugar, me vestiram essas roupas que vocês estão vendo, não são peles, mas esquentam, são fininhas, mas esquentam.
Alguém pediu as roupas “só pra ver”.
- É ruim, hem? Você vai fugir com elas. Aí me colocaram dentro de uma caixa junto com outras pessoas, me amarraram e essa caixa se movia, juro que se movia! Não é mentira, não! Balançava para lá e para cá e se movia, depois parou, fiquei assustadíssimo, logo eu que sou guerreiro, quase me borrei, não tenho vergonha de dizer.
As crianças riram.
- Aí entramos noutra caverna, muito alta, era uma montanha cheia de faces brilhantes que iam até bem lá em cima. Tinha umas caixas no fundo que ficavam abrindo e fechado, as pessoas entravam nelas e quando abriam não tinha mais ninguém! Eu juro! Ela engolia as pessoas. Fiquei em pânico, não queria ir de jeito nenhum, me arrastaram na marra e me colocaram lá, a porta fechou, ficamos ali parados um momento sem fazer nada, depois a porta abriu e já estávamos noutro lugar, aquele de antes tinha sumido.
As pessoas estavam de olhos arregalados, umas se benziam.
- Entramos em outra caverna, fomos para a parte do fundo, um deles mexeu na parede e do nada surgiu água, assim, puf, do nada, pra que eu iria mentir? Esse mago me deu uma vasilha de uma cerâmica que não tinha parede, não sei explicar, só que água não derramava, a gente ficava olhando em volta e não derramava, era estranho demais, como gelo, só que a água estava na temperatura mesmo. Bebi, era água mesmo. Bebi mais, água mágica saída da parede. Milagre. Como aquele mágico fizera essa feitiçaria?
As pessoas em volta estavam se afastando, se persignando, estarrecidas, cuspindo e pedindo as bênçãos dos deuses, pegando seus amuletos, torcendo os dedos.
- Depois, outro mago foi até uma caixa, mexeu nela e o fogo pulou! Não acreditei, coloquei o dedo, queimou, é este aqui (vários vieram ver). Queimou, doeu demais, como fogo mesmo. Botou uma vasilha e depois de um tiquinho de tempo tava quente, me deu umas hastes pontudas para pegar a comida, comi, estava quente. Então ele pegou algo de uma caixa grande, estava gelado, saindo fumaça, colocou numa caixa pequena, tirou, estava quente: mais magia! Comi, queimou minha língua, não acreditei.
As crianças já estão quase dormindo, amanhã a gente continua.
Ih, sobre esse Céu dos deuses tenho muito a contar, fiquei uma lua inteira antes de o vórtice me trazer de volta.


Serra, segunda-feira, 02 de abril de 2012.
José Augusto Gava.

Demoracracia: Tudo é Questão de Tá Lento (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


Quem nunca esteve na burocracia (que os implicantes chamam de burro-cracia, o poder dos burros) não sabe disso que só a observação atenta, cuidadosa, repetida por anos ou décadas pode categoricamente expor.
A demora-cracia, o poder da demora.
Pois se trata de vencer aqueles 35 anos até a aposentadoria. São [35 anos (365,25 dias do ano – 30 dias de férias – 104 dias de sábados e domingos – 11 dias feriados + 8 dias sábados/domingos nas férias) x 228 dias/ano =] 7.980 dias, quase oito mil dias na vida funcional, durante os quais a gente tem de atender a clientela mal-humorada.
Há uma pequena demora.
Algo que nem precisaria haver, mas há, um átimo, uma diferença mínima. Sabe aquilo que você vai atravessar na faixa e o motorista sacana acelera para disparar seu coração? Então, é parecido.
Do outro lado a clientela responde com isso de “tudo é questão de tá lento”, como diz a Rede Lobo.
Vou ensinar: se você pode atender imediatamente, retarde um pouco. Segure um tanto, um pouquinho que dê para irritar. Não se pode refrescar com a clientela, senão ela fica intolerável, insuportável, intragável, cheia de si. Não titubeie: se puder atender imediatamente vá ao banheiro, tome um café, converse com um colega, vire as costas, finja que está fazendo qualquer serviço significativo, DÊ UM JEITO, senão é aquela coisa de querer ser atendido imediatamente todo dia, vira uma coisa sem graça.
Vá por mim, não dê mole.
Não tem aquela coisa de você querer atender pouco antes das 10h00min? Ou chamar alguém depois das 16h00min, com dó do infeliz? No dia seguinte eles vão ficar mais ousados, querendo 20 minutos antes ou depois. E aí só vai piorar. Vá por mim, pode acreditar.
Se você afrouxar hoje, amanhã estará perdido.
O jeito é enrolar, é morcegar, é infernizar a vida do cliente, assim como a sua é infernizada aonde você vá, no Brasil em toda repartição pública ou privada (nestas, menos, porque as chefias ficam em cima, os puxa-sacos).
Pra que dar folga pras pessoas?
Pra quê ajudar?
Não dizem: “podendo complicar, pra que simplificar?”
É isso, meu filho, o poder de demorar é fundamental na vida de todo burocrata, esteja usando uniforme ou não.


Serra, quinta-feira, 05 de abril de 2012.

José Augusto Gava.

Deixe de Ser Porco (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


Miguelina havia inventado o programáquina, uma espécie de bastão de alta tecnociência cuja frase de efeito era essa (“deixe de ser porco!). Um choque de determinada amperagem era enviado e produzia mudanças na eletroquímica cerebral, instalando uma vontade irresistível de proceder corretamente. Não havia qualquer outra mudança, nem na memória nem na inteligência nem, todavia, nas capacidades inatas e desenvolvidas.
Meramente a pessoa sentia uma ânsia inacreditável de fazer tudo certo e dali para frente não titubeava, não hesitava, não vacilava.
Não esquecia o passado, só não queria mais aquilo no futuro.
O problema era esse passado. Se a pessoa era moderadamente partidária dos caminhos errados, consertada moralmente ela não sentia tanta diferença, mas se tinha passado por trilhas demoníacas sua conversão súbita deixava ao mesmo tempo o bem-estar novo e a plena consciência do erro. Tal contraste mergulhava por vezes tais criaturas na maior depressão, como foi o caso de vários políticos ladrões do Congresso.
Aí ia a tratamento psicológico ou entrava para um templo evangélico qualquer ou ia para o hospício ou se tornava monge ou eremita.
Começaram a temer o toque do bastão da Miguelina. Quando a viam (mesmo que ela não tivesse intenção nenhuma, pois não queria intervir na vida de ninguém e só o usava depois de conversar muito e A PEDIDO, nem adiantava, a pessoa tinha de assinar um termo garantindo que estava lúcido e tudo) já corriam apavorados. Alguns até arranjaram seguranças. Outros impuseram distância mínima, ordenada pelos juízes.
Quem poderia pensar que a pureza pudesse ser tão odiada?
Aconteceu então que muitos deixaram de ser porcos, sujos, criaturas odientas. Como sempre, era 50/50, uns adoravam o novo estado de ser, mesmo com suas memórias, e outros odiavam, mesmo não tendo feito nada de errado.
Os que ficaram com mal-estar começaram a perseguir Miguelina, que teve de imigrar, sair do Brasil e ir para um lugar onde à liberdade correspondesse a limpeza d’alma. Andou e andou e foi parar num pequeno país Europeu, permanecendo incógnita (nunca mais se teve notícia dela por aqui); o que se sabe é que esse país parou de funcionar como paraíso fiscal, parou de lavar dinheiro sujo e arranjou outras atividades.
A turma daqui que gostava dela continuou devota e aplaudindo-a, mas o governo brasileiro, temeroso do que poderia acontecer se ela tocasse os governantes e os purificasse, pleiteia perante a ONU mandado de extradição, sem qualquer resultado, pois mesmo na ONU existe gente que é devota de uma limpeza geral.


Serra, segunda-feira, 16 de abril de 2012.

José Augusto Gava.

Monday, July 29, 2013

Dando Nome aos Bois (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


PUBLICARAM NUM ALL-THE-DOOR (uns são mais bonitos e arrojados que outros)

(imagem de boi)
(imagem)
(imagem)
(imagem)


Tem muito chifrudo indo para o MT.

Botavam um desses e do lado o nome de alguém: Robert.
Impossível, logo o Robert, a Lindaura não faria isso com ele, é completamente impossível. Ridículo. Contudo, as pessoas começaram a comentar e parecia que era mesmo, puta merda, logo a Lindaura, cara, que desacerto.
Depois foi o Danilo, esse a gente já sabia, a Rita não era flor que se cheirasse, minha mulher sempre me preveniu, “fala com o seu amigo...”. Como que a gente vai contar uma coisa dessas?
A seguir foi o Ramos. Logo o Ramos, insuspeito, onde é que vamos parar? A Dana jamais faria isso. Juiz, não é possível. Ganha bem pra caramba. Fui perguntar pra minha mulher e ela “sei não...”. Ficou pairando a dúvida, indaguei, comentavam.
Era bissemanal. Gerava uma fúria tremenda, de noite pessoas pagas iam lá e rasgavam tudo, de manhã colocavam de novo, era compromisso da empresa. Duas semanas de sufoco, fiquei bravo também, mas não participei das reuniões.
Ficou assim dois meses e meio, ontem colocaram o meu, apertei minha mulher, ela negou tudo, chorou, disse que eu não confiava nela, era melhor separar. Claro, acreditei nela, como ela me colocaria chifre? Tá na cara que não. Fui à reunião com os outros para tomarmos uma providência contra os safados detratores da moral alheia.

Corprisão (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


Os governos nunca abandonam os princípios governamentais bem firmados, por exemplo, “pão e circo” romanos.
Na modernidade estrutural o “pão” é dado na forma de subsídios (a gente entrega 100 na forma de tributos, o governo gasta 30 na manutenção da máquina, desviam mais 20 e 50 é dado aos pobres para viciá-los na frouxidão).
E o “circo” é o aprisionamento mental.


A PRISÃO MENTAL (através do sonho com o corpo perfeito que não temos nem poderemos ter)

Josemaria apresentou essa tese na faculdade, no curso de Políticas Mundiais. Levantou-se clamor espantoso vindo de várias frentes diferentes: todos os cartolas que desviavam dinheiros dos clubes, os políticos do Legislativo, os juízes do Judiciário, os governantes do Executivo, os empresários que vendem produtos (tênis, roupas, estádios, bicicletas, uma infinidade de itens – q.v. o estudo dela, estimando os valores destinados ao “cultivo da imbecilidade”, palavras dela), os jogadores e atletas que viviam à toa só “cuidando do corpo” (são os gladiadores de hoje) em restaurantes e academias de ginástica, em passeios pagos ao Brasil e ao estrangeiro, acumulando um dinheirão em salários, vivendo naquela mordomia que age como chicote “que conduz o povo à mansidão através dos esportes” (palavras dela).
Nunca tinha pensado nisso! Evidentemente já havia pensado algo e me revoltado, mas não nessa profundidade investigativa. Ela foi fundo. Estimou os trilhões de dólares, mostrou as linhas ligando as empresas e os poderes tanto na totalidade do mundo, quando no país e nos estados, até cidade a cidade no caso do ES. Lógico, não foi só ela, colocou os alunos para trabalhar com bolsa. A beleza do funcionamento da Academia é que esse tipo de trabalho pode ser feito, embora contrarie os interesses governamentais e empresariais. Que empresa ou governo financiaria algo embaraçoso?
É apavorante, porém não vai dar em nada, é claro. É momentoso, a imprensa vai comentar, mas a quantidade de livros publicados ano após ano desviará o interesse, sem falar que as empresas financiarão pesquisas que mostram o contrário. A carga de eventos e notícias é imensa, o mundo é grande “demais”, é tão colossal frente ao indivíduo que nada é capaz de abalar a sócioeconomia, exceto o inexorável movimento dos ciclos. E vai ser perseguida tão logo volte à sombra. Os governempresários podem esperar 10 anos. Pra você ver, 200 anos depois da Inconfidência Mineira os descendentes dos inconfidentes ainda estão sendo perseguidos. O sistema não esquece.
Mais um corajoso que vai se dar mal.

Serra, quinta-feira, 12 de abril de 2012.
José Augusto Gava.

Comumbeira IV (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


Gilberto veio exibindo um papel.


Terra do Espírito Pemba
Poder Discricionário
Justiciário da Direita
1ª Vara

Ele estava bufando, soltando literalmente fogo pelas ventas, o ar abrasava o oxigênio ao redor formando ozônio O3 e H2O2, água oxigenada, que respingava nas pessoas e por ser absoluta queimava a pele.
Espumava.
Puro ácido que vinha do estômago, caindo da boca nas pedras e borbulhando, formando poças.
As veias do pescoço estufavam.
- Vê se pode, colocaram a Comumbeira (comunidade macumbeira) na Justiça e nos condenaram.
Nem esperou ninguém responder.
- Dizem que nós é que somos responsáveis pelo exu-caveira que tá à direita da entrada do condomínio.
- Nós perdemos?
- Perdemos, mas vou recorrer ao Tribunal, assim não fica.
- Por quê você não rogou umas pragas neles?
- Você tá falando da 1ª Vara, né, eles jogariam de volta, tá vendo esse lanho na perna (levantou a calça pro outro ver)? Foi só porque reclamei.
- Eles não viram logo que não podíamos ser nós?
- Viram. Eu falei, quem iria colocar um exu-caveira logo na entrada? Por que não no fundo da mata? E ainda por cima para prejudicar visitantes, onde já se viu? Não quiseram nem saber, dizem que se está no nosso quintal é problema nosso, nós que temos de cuidar dele, nós é que temos de impedir as ações deletérias. Não importa se alguém plantou, o caso é que está conosco, é problema nosso.
- Vamos ter de ressarcir?
- 70 mil reais.
- 70 mil? Caramba, o pessoal vai chiar.
- Aí é que está o problema, como síndico e subsíndico vamos ter de apaziguar, se as pessoas tentarem atingir o Tribunal vai sobrar pro nosso lado. Você tem ideia de quem fez esse trabalho?
- Necas.
- Não pode ter sido trazido pelo pessoal visitante?
- Pode, isso mesmo, pode até ser coisa da própria pessoa que foi reclamar, jeito fácil de tirar algum dinheiro de nós, vamos ter de investigar. Temos as listas dos visitantes?
- Temos.


ANEXUS (caveiras e outras coisas fantasmagóricas)
(imagem)
*a propaganda
(imagem)
*a realidade
(imagem)
*a invocação
(imagem)
*a manifestação

Comumbeira III (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


                       Apesar de tudo, a Comumbeira (Comunidade Macumbeira, uma oferta extraordinária dos incorporadores aos dedicados às macumbas, quizumbas e colaterais) ia em frente, de vento em popa. Aliás, bastante vento, muita chuva, tempestades formidáveis, raios coriscando, uma coisa até bonita de ver. E a Comumbeira vive praticamente na sombra, tamanhas e tão grandes eram as nuvens negras que pairam, muito escuras. Temporais, tá certo, mas o povo acostumou, ninguém reclama, às vezes fica um pouco denso, não se consegue ver um palmo à frente do nariz, mas tá bom. Tá ruim, mas tá bom, entendeu a sutileza?
ÀS VEZES fica tão escuro que nem dá para olhar pela janela, mas janela pra quê, o negócio é aproveitar pra dormir, e se estiver chovendo, então, melhor ainda, né?
De fato, até é bom tanta chuva, porque o povo resolveu fazer hortas e plantar umas fruteiras na área destinada a isso. Numas ocasiões ficou um pouco alagado, mas o escoamento era bom, a Comumbeira fica no alto do morro, perto da matinha.
Tivemos que nos acostumar, é evidente, porque as mangueiras davam caju, os pés de abóbora davam melancia, as jabuticabeiras davam jacas e assim por diante. Qual o problema? Se você, igual a um idiota, insistir em buscar jabuticabas na jabuticabeira, problema seu, seu Mané. Um probleminha de menor monta aconteceu quando o pessoal insistiu em colocar horta hidropônica, a água não passava para regar as raízes, numas vezes virava gelo, em outras evaporava, ficou um pouco prejudicado. Mas, também, quando dava certo, o que era mais raro, aconteciam umas combinações bastante legais que os outros, os de fora, os não-comungantes poderiam chamar de “aberrações”. Bobagem. Quer melhor que cebolinha que dá folhas como o coentro? Pra peixe não tem nada melhor. A alface-almeirão era um encanto. Ih, eram tantas as combinações que era uma beleza. Nunca havia falta de novidades, era de deliciar qualquer um.
A grande dificuldade era a vinda dos amigos que não compartilhavam de nossos valores, eles estranhavam um tiquinho. Ninguém nunca falou nada, pelo menos para mim, nunca ninguém falou que tinha medo, embora eu notasse um pouco de distanciamento e a pressa de voltar para casa. É natural, a saudade do lar, sem falar que uma ou outra vez quando estávamos fazendo churrasco e alguém estava fazendo algum trabalho adverso a carne fazia cair os dentes, mas nada que a gente não pudesse consertar, tudo corriqueiro.

A única dificuldade que encontramos aqui no condomínio é que os carteiros não querem vir, aí somos obrigados a direcionar as correspondências para nossos respectivos trabalhos. E a Internet não funciona direito, as mensagens trocam de casa ou retornam virexus (vírus-exus) que os maliciosos mandam. Criancices. Fora tudo isso, é um bom lugar. Algumas pernas quebradas, quedas inexplicáveis, dores de estômago, mas é da vida, é ou não é? Quem vai reparar nas miudezas?

Cleo Pata (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


Veja você a maldade das pessoas.
A Cleonice é minha amiga de infância, crescemos juntas em Jaguaré, viemos juntas para Vitória, ela ficou com esse apelido, Cleo. Como tem um pescoço comprido (nem deselegante é, só é comprido, COMPRIDO, entendeu, igual à Victoria Principal, lembra-se dela? Minha mãe e meu pai assistiam quando eu era criança).

VICTORIA E O CISNE (imagens aqui)

                        As pessoas são muito implicantes, que é que elas têm com a vida alheia? Se a Cleo tivesse algo de semelhança não seria com uma pata, seria mais com um cisne, uma cisne, embora não fosse propriamente linda.
A questão é que ela se encantou com o César, um professor careca de 50 anos metido a conquistador lá das biomédicas e acabou tendo um filho com ele, que tempos depois morreu de infarto. Passou um tempo, a Cleo teve outro caso, dessa vez com o Marco lá de Santo Antônio, o Marco Antônio, como era conhecido. Esse teve uma briga feia com o Augusto, não se sabe bem por quê, só sei que se deu mal e a Cleo ficou sozinha de novo.
Nisso já mudaram o nome dela para Cleo Puta, maldade, vou te contar, isso é demais, eu sei muito bem que não era nada disso, embora a família dela fosse complicada, uma história meio cabeluda que veio rolando lá de trás.
Não fiquei sabendo direito, parece que esse Augusto, que era sobrinho daquele professor, o César, tendo sido adotado por este depois de ter ficado órfão, não gostou dela, achou que ela tinha danado o tio. Ficou uma arara. A Cleo, pobre dela, até se jogou para o lado dele, tentou um papo para ver se conseguia diminuir a raiva do moço, mas não teve jeito. O caso é que ele achava-a interesseira, que desejava se apoderar da riqueza da família do tio, mas não era nada disso, a Cleo tinha muitas terras, conheço a família.
Linda não era, mas encantava os homens. Era muito culta, estudava muito, falava várias línguas, sustentava a conversação com os homens, era fogo, ela. Eu a admirava, claro, tanta capacidade de aprender e ensinar. Como um talento desses pode se perder?
São as voltas que a história dá, a gente pensa que vai ser de um jeito e se torna de outro, é a vida, são os caminhos, tudo isso.
E vai que vai, a Cleo se suicidou, acredita nisso, quem aguenta tantos problemas assim?

Sunday, July 28, 2013

A Dignidade da D. O. R.


D. O. R. é a sigla para Dinheiro Orientado para o Retorno, o velho

lucro, o inesquecível lucro com nova roupagem, porque o pessoal das Relações

Pública RP decidiu que é preciso tirar a conotação de impropriedade.

É o Lucro.

Lucro.

Lucro.

Que palavra doce, principalmente quando “está no bolso”, quer

dizer, no banco engordando nossas contas. Deve ser uma espécie de ração, muito

boa por sinal, porque todo mundo a quer, até os que dizem não querer.

Deve ser o eixo da Terra, pois tudo gira em torno dele.

Esse monte de hipócrita que tem por aí... Inclusive o pessoal do PL

(Partido do Lucro) e do PT/L (Partido do Tudo é Lucro).

Até parece que é vergonhoso.

Pelo contrário, o lucro vem atravessando as eras.

Inclusive a ânsia do lucro, que é aquele louvável sentimento de que o

lucro deve chegar logo, não deve parar pelo caminho, não deve se distrair com

“coisa pouca”, no dizer do povo. Parodiando o povo na questão da liberdade [“vem

ni mim, Lili Demorada” (liberdade demorada, sonho do pessoal da prisão)], “vem ni

mim, Lulu Desejada” (lucr/atividade, atividade do lucro).

Ó modeus, ó meu Deus!

Então, com esses pruridos todos, com toda essa dificuldade póscontemporânea

de encarar de frente os próprios desejos foi preciso alterar o nome

para D. O. R., Dinheiro Orientado para o Retorno, bate e volta, retorna, vem garoto,

vem neném para os braços de papai.

PORISSO que o pessoal da RP inventou esse nome, foi preciso

esconder porque tem gente que quer fingir.

Agora podemos falar na dignidade da D. O. R., que é essa saudável

iniciativa de montinho gerar montinho, aquela belezura do enriquecimento, tipo

aquilo de comprar por 50 mil lote que tempos depois estará valendo 1.500 mil

graças à “valorização imobiliária”, o nome favorável da especulação a nosso favor.

Muito gostosa. D. O. R. A instituição.

Você pensou que era dor, essa prostituta espertalhona que vive às

custas dos outros? Não, ela não.



Serra, sexta-feira, 30 de novembro de 2012.

José Augusto Gava.

Monday, July 15, 2013

Canecantes (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


                        Não tem os “cadeirantes”, aqueles que necessitam de cadeiras (de rodas; na realidade é um nome horrível tentando evitar outro nome horrível, deficientes físicos)?
Então, esses eram os “canecantes”, os que necessitam de canecas e canecas de todo tipo, canecas de cerveja, canecas de vinho, canecas de chope, canecas de tudo. Depois que um inventou de estampar na camisa virou uma febre e os próprios bares, para incentivar o consumo, ofereciam canecas mais barato, as pessoas se reuniam em grupos, em tribos, alguns até chegaram a lutar feito gangues.


VAI TOMAR NO CANECO? (também surgiram as frases engraçadinhas para implicar com outrem, o que foi motivo de mais brigas ainda, pois os homens estão sempre puxando e as mulheres sempre empurrando briga, a falta do que fazer é fogo!)

                        Fica complicado, isso, é igual à roubalheira no Congresso e no governo executivo, se ninguém controlar fica complicado. O fato é que as divisões naturais que existem amortecidas dentro das pessoas passaram a aflorar, havia a “gente de cristal” que não se misturava, havia “gente arco-íris” com canecões muito “chegay”, apareciam os exagerados levando copos de liquidificador, os dos times que formavam gangues, os empresários que davam bolas e os fiscais que as pegavam se identificavam mutuamente com canecas em forma de bola, prostitutas, traficantes, todo tipo de gente. De repente, você entrava num bar e nem podia ficar, pois não havia ninguém da sua turma. Ou que tinha sido da sua turma, mas ganhara na loteria e já passara a empresário. Ou alguém que era eleito e passava a usar caneca com estampa de dólar. Os policiais se infiltravam para ver se alguma ilicitude era cometida e de vez em quando levavam alguém com caneco e tudo, botavam no caneco de alguém. A P2 vinha vestida de caneco civil.
Enfim, coisas que começam como brincadeira de repente podem ficar muito sérias, até que alguém enfrentou a polícia e escreveu numa camisa: “policial que quiser tomar no caneco, toma em casa”. Ah, pra quê?! A polícia baixou o cacete. A título de acabar com as gangues a polícia proibiu terminantemente.
Tomou?
Não sabe brincar...

Bronca de Novo e os Sete Anões (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


SETE MOTIVOS PARA ESTUDOS PSICOLÓGICOS + A BRONCA


Atchim
Dunga
Dengoso
Feliz
Mestre
Soneca
Zangado
BRONCA

Os sete anões moravam num condomínio no campo, região de Pedra Azul, terceiro melhor clima do mundo, no ES. Tinham ganhado uma bolada na mega-sena, aquela da virada do ano, mais de 100 milhões e foram morar no Vilitália, criado só para a nobreza, coisa de mais de um milhão cada casa.
Eram negros.
Gastaram sete milhões com as aquisições, mais um milhão com os carros e as bagatelas, ficaram com 92 milhões para investir, ganhavam uma baba mensal, exploravam essa mina na base de 2,5 % ao mês, 2,30 milhões POR MÊS. Tiravam meio porcento para a inflação, ainda ficavam 1,84 milhão para gastar. Estavam literalmente montados na grana.
Eram assediados pelas mulheres, que só visavam a beleza e a estatura deles, pareciam-lhes graciosos a não mais poder, independente dos traços psicológicos acima descritos.
Calhou que um dia chegaram da exploração da “mina” (era uma fábrica de dinheiro) e foram se reunir na sala de reuniões e lá estava a mulher nuazinha, peladinha, deitada na cama e com os pés sobrando, porque se havia sete camas em nenhuma ela cabia.
Eles se apaixonaram todos por ela, mas ela encrencou e daí para frente toda semana tinha bronca, porque ela dizia ter sido enganada. Não ligava para dinheiro, mas dizia que eles a tinham enganado.
ELES – de que forma?
ELA – porque existe essa fama de negro de p* grande, foi isso que me atraiu, sete de uma vez!
ELES – mas nós somos anões, negros PEQUENOS, como vamos ter p* grandes?
ELA – sei lá, foi a imagem.
E tome bronca.

Sunday, July 14, 2013

Bílis de Kid (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


                        Nome mesmo era Euclides, mas o pessoal o chamava de Kid (que em inglês tem, entre outros significados, o de criança, garoto).
Ele era tremendamente nervoso.
Ixi! Demais da conta.
Ele estava sempre com amargor na boca, a bílis o corroía e a gente não sabia de nada, só sabia gozar, sem nos compadecermos de nosso amigo. Ele ficava irritadíssimo e despejava no ambiente, na mesma medida em que a bílis derramava nele.
Pra dizer tudo, ele era um porre, coitado do Bílis. Quando o problema não é com você, quem se importa? Não queríamos a tristeza do Bílis, só a alegria. Assim é a vida. Como dizem, “ria e o mundo rirá com você, chore e chorará sozinho”. Pobres de nós, pobre do Bílis. Era engraçado o nervosismo do Bílis.

BILE (no Houaiss eletrônico)


substantivo feminino
1        Rubrica: bioquímica.
Substância amarelo-esverdeada secretada pelo fígado dos vertebrados e que atua no duodeno auxiliando esp. na emulsificação e absorção das gorduras
2       Derivação: por metonímia.
Mau gênio, mau humor; irritabilidade, atrabílis.

O pessoal dizia que ele fazia muitos cálculos, que a vesícula dele era uma verdadeira calculadora – veja que maldade. E como eram cálculos biliares, o pessoal arrematava: “e aí, Bílis, vamos ao biliar?” A maldade dessa gente é uma arte.
Eles produzia muita bílis ou bile e daí veio o apelido, Bílis, The Kid, o que pegou e quanto mais ele reclamava mais o pessoal chamava, o jeito foi acomodar e no fim ele estava até gostando.
O fato é que doía desesperadamente.
Ele foi ao médico, até eu iria.  O médico receitou as mais avançadas técnicas, de que o ES já dispõem, com tratamento a laser e o escambau, foi fácil, a recuperação tranquila, Bílis the Kid melhorou notavelmente, as pedras que o faziam torcer de dor foram pro vidrinho.

PARA SABER O QUE BÍLIS SOFRIA BATA NA PORTA DESTE ENDEREÇO

                        O problema é que agora ele é o Euclides, não é mais o cara brigão que divertia a gente. É um Euclides qualquer, sem marca especial nenhuma, é qualquer, é ninguém, um bosta-mole como todo mundo. E nós vamos pedir para ele ficar doente de novo? Não vamos, né, lá se foi mais uma fonte de diversão.

Baseado em quê você pode... (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


                       Vi essa frase assinada pelo Pepeu Gomes escrita no muro que dava para a rua defronte da praia.
Decidi pensar a respeito.

                       RESPEITO


·         baseado na Física você pode fazer muitas coisas em engenharia;
·         baseado na química você pode elaborar muitos e muitos remédios na farmacologia;
·         baseado na biologia você pode salvar os fungos, as plantas, os animais, os primatas e realizar muitas coisas;
·         baseado na psicologia você pode ajudar em muitos projetos para salvar os seres humanos;
·         baseado na Fé e na confiança ou na mera alegria de servir o próximo você pode salvar muita gente.
                      
                        Fiquei pensando que o respeito a respeito pode fazer tanto...
Ou pode endoidar.
Com a Bossa Love você pode amar.
Maimônides disse algo assim: “se você quiser se inclinar para o mal, pode, e se quiser se inclinar para o bem também pode”.
Isso é o livre-arbítrio.


                                                                   MAIMÔNIDES

 


                       Dei essa palestra numa escola, mas quase não foi ninguém, pouca gente, aquela mesma que serve aos demais. A maioria prefere estar em shows.

·         baseado no amor você pode amar sua esposa (ou marido);
·         baseado em afeição você pode criar bem seus filhos e filhas;
·         baseado em amizade você pode ser amigo dos seus amigos e, se for melhor ainda, amigo de todos.

Nem toda sabedoria vem dos sábios, algo dela vem dos ignorantes que anunciam verdades que nos fazem pensar. Se o mal é o que sai da boca do homem segue-se que toda palavra é mal?