Wednesday, June 29, 2016


A Fábrica de Competenciômetros

 

Competenciômetros, medidores de competências.

Imagine se houvesse um aparelho-programa desse tipo, um programáquina com o qual você pudesse tocar na pessoa ou, melhor ainda, de longe enviasse um raio laser que tocando a PESSOA (indivíduo, família, grupo, empresa) ou AMBIENTE (cidade-município, estado, nação, mundo) pudesse, ao retornar, dar qualificação percentual ou relativa do serviço (segundo métrica autorizada, como aferida pelo INPM Instituto Nacional de Pesos e Medidas ou – desde 1973 - pelo INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

Digamos um pedreiro que se apresentasse e cobrasse 82 % de um valor padrão-hora, você apontasse o CM e ele mostrasse 17 %, então você não seria garfado em 65 % pelo audacioso. Claro, no Brasil isso ensejaria oficinas de desbloqueio, oficinas de calibração autorizadas pelo governo (ou, mais baratas, de fundo de quintal), venda de xinguelingues da China, CM made in Korea, CM americanos autênticos made in Paraguay (la garantia soy jo).

Depois, haveria as interposições judiciais contestatórias pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), o CRM (Conselho Regional de Medicina), o CRO (Conselho Regional de Odontologia, dentistas que são médicos disfarçados) e todos os CRQC (CR Qualquer Coisa), de modo que logo a fábrica seria fechada no Espírito Santo e reaberta no sul da Bahia com incentivos fiscais.

No fim resultaria que, se você pudesse obter um CM no mercado negro e pudesse usá-lo às escondidas, as pessoas sobre as quais incidisse a investigação contestariam, alegando que você estaria usando um CM falso ou descalibrado, recorreriam ao PROCON e cobrariam o serviço a 205 % para cobrir o aborrecimento, as horas paradas e a ofensa à reputação.

Vamos dizer que pudesse ser implantada no país, a minha impressão é de que não funcionaria. Causaria até comoção nacional, porque sujeitaria grande parte da população a esforço de aprimoramento que nem cabe, quem quer isso? Pressão demasiada em troca de quê?

Qual é essa da competência?

Melhor não trazer a tecnologia do estrangeiro, evitaremos pagar royalties de patente, essas coisas não dão certo por aqui. Pagamos mais caro, mas em compensação a gente vamos levando gato por lebre.

Serra, segunda-feira, 22 de novembro de 2015.

GAVA.

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