Reduzindo
Deus
No livro de Christian Jacq, A Viagem Iniciática (ou, Os 33 graus da
sabedoria), Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2014 (original francês de 1986),
ele coloca a citação de Hermann Hesse na página 7: “Deus não é uma mistura, ele
é Uno. Nós somos mutantes, um devir, somos um conjunto de possibilidades, para
nós não há perfeição, não há ser absoluto. Mas quando passados do poder ao ato,
da possibilidade à realização, temos uma parte de ser verdadeiro, ficamos a um
passo do divino e da perfeição. Realizar-se é isso”.
Antigamente, antes das visões recentes, eu
teria aplaudido, julgando o Hesse superior pelas passagens dele em vários
livros.
AS
VISÕES RECENTES
(tirado de Degeneração Natural e
modificado)
DEUS
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DiN
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NATUREZA
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História.
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GH.
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Geografia.
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Passado.
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Presente periclitante.
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Futuro.
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Mapa completo.
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Destruição criativa.
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Desconstrução.
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Início.
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Finício.
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Fim.
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DICIONÁRIO DO BEM.
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BEMAL.
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DICIONÁRIO DO MAL.
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POSSÍVEIS.
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PRATICÁVEIS.
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PROVÁVEIS.
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E
TIRADO DE MAIS FUTURO DO QUE JAMAIS HOUVE
DEUS
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i
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NATUREZA
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Bem
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Na Natureza jamais conseguiremos espelhar
fielmente os moldes que há em Deus, mas Deus continua lá, impávido colosso.
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Males.
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Não-Finito.
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Finitos.
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Perfeito.
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Imperfeitos.
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Negentropia.
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Entropia/caos.
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Possíveis que não podemos atingir.
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Montagem incompleta em relação aos
possíveis.
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O que imaginamos, o que mentalizamos.
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O que podemos realmente realizar.
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Conservação.
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Decaimento.
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O que permanece.
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O que finda.
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O elemento constante.
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O elemento terminal.
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Molde.
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Criações, evoluções.
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Integridade.
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Ferrugem.
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A Matemática conceitual, os limites
projetados.
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O material-energético-informacional.
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COMENTANDO
PONTO A PONTO
HESSE
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COMENTÁRIOS
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Deus não é uma mistura, ele é Uno.
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Tal afirmação, reconciliando com os judeus,
parece correta, mas já vimos que tanto Deus é um só quanto é, visto da
racionalidade, três: NECESSARIAMENTE ambas as posições – queira ver Testamento.
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Nós somos mutantes, um devir, somos um
conjunto de possibilidades, para nós não há perfeição, não há ser absoluto.
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Há ser absoluto, sim, como demonstrado em Prova DiN; de fato, o não-visível, o
oculto, Deus, e Deus é o não-finito, o absoluto, A Verdade – enquanto a
Natureza é o elemento não-subsistente, o que desaparece, o que finda.
Há um devir, um vir-a-ser, mas ele não é
chamado escatológico do futuro, está posto como mecânica estáticadinâmica formestrutural
no presente. Por termos sido expressados pela Natureza não somos mais as
possibilidades que estavam em Deus, já acontecemos. É certo que para nós,
racionais, como para tudo na Natureza, não só não há perfeição como nem pode
haver.
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Mas quando passados do poder ao ato, da
possibilidade à realização, temos uma parte de ser verdadeiro, ficamos a um
passo do divino e da perfeição.
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NUNCA temos uma parte de ser verdadeiro,
porque se fosse assim A Verdade se dividiria em inúmeras verdades antagônicas:
embora A Verdade seja um círculo que nos extremos dos diâmetros mostra
oposições, estas estão unidas, reencontradas como monopolos através do centro
unitivo. Elas não estão realmente divididas, só parecem; assim, não podemos
ter uma parte de A Verdade, o que fazemos são interpretações. NUNCA ficaremos
a um passo do divino, porque a distância da Natureza - em qualquer ponto - até
Deus é sempre não-finita, razão pela qual por nós mesmos jamais tocaremos a
perfeição – só se i-Deus nos absorver a partir de i-Natureza perecível.
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Realizar-se é isso.
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Eis as razões porque os seres humanos
jamais se realizam, fica sempre um vazio no estômago: só Deus pode
preenche-lo.
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Assim, Hesse (e Jacq) que, na visão menor,
antiga, parecia respeitável, na realidade destoa tremendamente.
Nisso é que dão essas conspirações de-graus
de maçons e outros, esse ocultismo malsão: parecendo falar de Deus, elas o
reduzem (em imaginação, claro, pois Deus não pode ser reduzido e toda tentativa
é desde sempre inútil, vã filosofia).
Serra, sábado, 15 de agosto de 2015.
GAVA.
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