Wednesday, August 21, 2013

Os Motobois e as Motovacas (da série Se Precisar Conto Outra Vez)


PRECAUÇÃO:

Tenho grande admiração por esses companheiros e companheiras que arriscam diariamente suas vidas ao fazer tarefas de escritório em troca de mixarias. Enfrentam o trânsito faça sol ou faça chuva (quando usam aquelas proteções de plástico que devem ser quentes à beça). Não é gozação, que deixa rastro de ódio, é brincadeira para eles rirem também e aliviarem suas vidas.
A palavra motoboy (no inglês, “rapaz da motocicleta”) se presta a isso em português.


Os motobois e as motovacas usam produtos do Boiticário, passeiam de boicicletas na Praia de Camburi, bebem nos boitecos. Fazem boichechos quando estão com problemas estomacais, quando se destemperam são boicudos e falam palavrões. Quando suam ficam com boidum e se ficam com raiva mesmo tão boifetes. Alguns são boitafoguenses, outros vão nas boiadas da existência, uns já viram o boitatá, uns sabem boiar. Uns quando acham que estão ganhando ainda menos fazem boicote. Uns ficam gordos como bois-gordos, uns vão ver o boi-bumbá. Uns abandonam tudo e vão ser boinas-verdes. Uns vão ficar nos boiteis, uns são boizinhos e levam chifre como todo mundo. Uns, não tendo como fazer regularmente as refeições, comem boilachas; outros enfrentam os boirrachudos. Uns, de tanto andar, ficam com boilhas nos pés. Uns jogam futeboi e outros não. Uns são boicheviques e outros não, uns gostam de boiliche e outros não, uns apreciam boilinar as manas e outros não.
Enfim, eles boiam, como quase todos nós, na superfície da vida.


MOTOBOYS

                        Arriscam-se passando nos corredores entre os carros em fez de ficar na faixa como todo mundo; querem agradar a seus patrões e correm riscos desnecessários com tanta pressa, pois lhes pagam um tiquinho a mais para “chegar rápido” e fazer diariamente mil tarefas.
                        Estão sempre na frente nos sinais para arrancarem na frente. De vez em quando se esborracham e poucos choram por eles, dentre esses nenhum ingrato. Seus serviços não são notados pela coletividade, que deles reclama.


Serra, domingo, 25 de março de 2012.
José Augusto Gava.

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