Sunday, May 29, 2016


Abandono

 

ESTE É UM ABANDONO DE FORA PARA DENTRO

Benvinda
 
Dono do abandono e da tristeza
Comunico oficialmente que há um lugar na minha mesa
Pode ser que você venha por mero favor, ou venha coberta de amor
Seja lá como for, venha sorrindo
Ah, benvinda, benvinda, benvinda
Que o luar está chamando, que os jardins estão florindo
Que eu estou sozinho
Cheio de anseio e de esperança, comunico a toda gente
Que há lugar na minha dança
Pode ser que você venha morar por aqui, ou venha pra se despedir
Não faz mal pode vir até mentindo
Ah, benvinda, benvinda, benvinda
Que o meu pinho está chorando, que o meu samba está pedindo
Que eu estou sozinho
Vem iluminar meu quarto escuro, vem entrando com o ar puro
Todo novo da manhã
Oh vem a minha estrela madrugada, vem a minha namorada
Vem amada, vem urgente, vem irmã
Benvinda, benvinda, benvinda
Que essa aurora está custando, que a cidade está dormindo
Que eu estou sozinho
Certo de estar perto da alegria, comunico finalmente
Que há lugar na poesia
Pode ser que você tenha um carinho para dar, ou venha pra se consolar
Mesmo assim pode entrar que é tempo ainda
Ah, benvinda, benvinda, benvinda
Ah, que bom que você veio, e você chegou tão linda
Eu não cantei em vão
Benvinda, benvinda, benvinda, benvinda, benvinda
 
Chico Buarque

Quando comecei minha trajetória foi naturalmente que, como quase todos, tornei-me apegado a muitas coisas, até porque nos ensinam isso para viver e o capitalismo nos super-ensina para super-extrair da gente.

É bom e é ruim.

Não gostei da ausência de Buda e dos eremitas.

Entretanto, fui abandonando as coisas.

DONO DO ABANDONO (fui eu que abandonei, não fui abandonado, exceto no descasamento e no que sucedeu, inclusive nas inúmeras pedradas que recebi do Fisco no ES)

Abandonei o tempo, descri dele desde os 19 anos, achava que não existia, depois provei que o passado e o futuro não existem mesmo, estamos na linha finíssima do horizonte de Planck que muito antes e sem saber chamei de HS horizonte de simultaneidades. O tempo não existe, é um bater de cada cê-bóla © ou dimensão espacial de Planck. Jesus já havia dito em Mateus 6.
O espaço existe de fato, mas não podemos vê-lo, só vemos o tempo (que, todavia, não existe). Contudo, do espaço deixei de me interessar por tudo aquilo que está distante, fiquei só com aqui que está próximo, pois não posso administrar a Terra de 510.000.000.000.000 m2, muito menos o universo de 13,73 bilhões de anos-luz. Fico só com o meu quadradinho e não por egoísmo, só porque posso bem pouco. Não procurei viajar e ver tantas coisas.
3º
Abandonei os quatro índices de aflição psicológica: a fama-glória, o poder-mandão, a riqueza-superter, a beleza-superser, no centro o super-saber.
Desconsiderei ao máximo que pude - em favor de escrever e tentar transmitir o que havia pensado - a Chave da Proteção (ter lar, ter armazenamento, ter saúde, ter segurança, ter transporte-carro). Fiquei com o mínimo para vivência.
Vivi o Conhecimento (Magia-Arte, Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia, Ciência-Técnica e Matemática) de dentro para fora, através da escolha dos livros, e não de fora para dentro como ideologia super-escolar.
Vivi a Psicologia (Figuras ou quem?; objetivos ou por que?; economia ou com que?; sociologia ou como?; tempespaço ou geo-história ou o quê?) com o máximo de simplicidade.
Não pretendi me apossar da Chave Econômica (Agropecuária-extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos), exceto a partir de agora porque há um motivo-guia, os santuários para as criaturas – então vamos fazer as patentes.

Ora, devo dizer que isso foi muito bom, sem ser como, com Buda, o abandono de toda gente.

Prestei atenção na “pureza d’alma” e em todo o lado bom do dicionárienciclopédico (dicionário de palavras, enciclopédia de imagens), por conta da pergunta-promessa: “é possível arranjar uma resposta geral que abarque todas as pessoas e todas as criaturas? ” Concentrando-me assim, pude responder através dos escritos. Se fui eficiente, julgue você mesmo.

Nós não precisamos de muito.

Como diz a canção de Mogli-Balu, somente do necessário, e o necessário pode ser bem pouco.

O EXTRAORDINÁRIO É EXCESSIVO

Somente o Necessário
[Balu]
Eu uso o necessário
Somente o necessário
O extraordinário é demais
Eu digo necessário
Somente o necessário
Por isso é que essa vida eu vivo em paz
Assim é que eu vivo
E melhor não há
Eu só quero ter
O que a vida me dá
Milhões de abelhas vão fazer
Fazer o mel pra eu comer
E se por acaso eu olhar pro chão
Tem formigas em profusão
Então, prove uma
[mogli]
Você come formigas?
[balu]
Tranquilamente...
E você vai adorar a coceira que elas dão
[Baguera]
Mogli, cuidado!
[Balu]
E o necessário pra viver
Você terá
[Mogli]
Mas quando?
[Balu]
Você terá
Eu uso o necessário
Somente o necessário
O extraordinário é demais
Eu digo o necessário
Somente o necessário
Por isso é que essa vida eu vivo em paz
Vejam o pica-pau, pau
Que só pensa em picar
[Mogli]
Ai!
[Balu]
Ele vai se dar mau, mau
Pra se alimentar
Não pique a pera no pé
Pois pera picada no pé
Nunca presta, pois é
Não vai dar pé
Você vai dar mal
Não pique essa pera como um pica-pau
Você entendeu esse angu?
[Mogli]
Claro que sim, balu
[Baguera]
Ah! puxa vida!
Isso até parece conversa de louco!
[Balu]
Vamos, baguera, entre no compasso
E o necessário pra viver você terá
[Mogli]
Está pra mim!
[Balu]
Você terá
Já que você está aí em cima
Quer coçar meu ombro esquerdo, hein, mogli
Não, não agora o direito
Isso mesmo
Assim, assim
Isso é uma beleza
Isso é muito bom
Eu agora preciso arranjar uma árvore
Porque isso merece uma grande esfregadela
[Mogli]
Você é gozado, balu
[Balu]
Assim...
É uma delícia
Só um pouquinho mais

Serra, quinta-feira, 02 de julho de 2015.
GAVA.

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