Saturday, May 28, 2016


O Milagre da Multiplicação

 

Certo padre que li em passagem apologética, desejando harmonizar a vida de Cristo com a consciência atual, pós-contemporânea, disse que o Milagre da Multiplicação foi na realidade apelo de Jesus à multidão para distribuir o que já tinha sido trazido (e escondido).

Tanto pode ser uma coisa quanto outra.

Como sabemos das investigações postas em Testamento, Jesus Cristo é Deus, porisso poderia/pode (pois o tempo dele não tem passado e futuro como, supostamente, o nosso tem, isto é, o dele não tem nascimento-morte como o nosso certamente tem) ter pegado alguns pães e peixes do cesto e multiplicado para as “cinco mil” (a multidão, dificilmente alguém contaria, embora pudesse fazê-lo pela apresentação no entregar-pegar) pessoas.

Contudo, nessa tentativa infantil de suplantar Deus o padre infantil dá outra dimensão muito proveitosa presente na Cristandade (em maiúscula o conjunto das cristandades, das comunidades cristãs locais) universal, mais raramente notada, qual seja o fato de que Jesus MULTIPLICOU o coletivo-individual humano.

Multiplicou de duas formas gerais:

  1. Quantitativamente (não fosse por ele jamais teríamos chegado a 7,2 bilhões, pois devido às disputas constantes seríamos somente algumas centenas de milhões – na ocasião existiam dois grandes impérios, China e Roma, dizem que cada um com 100 milhões após 10 mil anos de avanços, e mais outro tanto nos demais reinos do planeta, 300 milhões no total – Buda, Confúcio, Lao Tsé, Krishna, Abrão-Moisés, Zaratustra já tinham falado);
  2. Qualitativamente (através de suas colocações o Ocidente deu sucessivos saltos e suplantou os outros cantos da Terra, unindo-os sem conquistas pesadas como seriam as amarelas-asiáticas, as negras-africanas e as vermelhas-americanas – pesadas no sentido de assassinas);

E multiplicou naquele sentido amoroso de ter produzido CARIDADE, quer dizer, abertura no coração de todos os presentes, que passaram a distribuir o que tinham levado para comer escondido e em separado, gerando dieta muito mais rica, pois cada família levava comidas diferentes, como acontece hoje).

Então, pode ter havido os dois milagres:

  1. Quantitativo, de poucos fazer muitos;
  2. Qualitativo, do rompimento das amarras da solidão e da exclusividade.

Por conseguinte, o erro amaciador do padre gerou coisa nova, esse ver retrospectivamente em pensamento Jesus em operação (que pode ter sido dupla ou não, mas penso que também a outra, da geração da afinidade, foi realizada como correlato).

Veja só, mesmo das debilidades nossas pode advir construção: no seu ato de amortecimento indevido o padre abriu uma nova realidade, de que virá toda uma nova classe de compreensões.

Serra, sábado, 20 de junho de 2015.

GAVA.

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