Isso era problema:
·
os
governantes desviarem verbas;
·
os
políticos fazerem leis sob encomenda e legislarem em causa própria aumentando
seus salários;
·
as
empresas encomendarem leis e ficarem pedindo esmola aos impostos pagos pelo povo;
·
as
empresas fornecerem produtos ruins;
·
as
favelas imensas sem urbanização;
·
o
consumo desenfreado de drogas;
·
os
segredos que os governos guardam das coisas erradas que fazem (inclusive
perseguindo quem os revela);
·
o
espancamento de mulheres (minorado pela Lei Maria da Penha), de crianças, de
velhos, de animais domésticos;
·
o
racismo e o sexismo;
·
as
guerras contra os fracos e oprimidos;
·
o
super-consumo (com super-indicação médica ou com automedicação) de remédios;
·
o
deságüe de águas não tratadas nos mares e oceanos;
·
o
super-uso de água para irrigação;
·
a
não-contribuição dos ricos ao imposto de renda;
·
as
enormes mina abertas;
·
a
poluição de toda espécie;
·
a
multiplicação das leis, decretos, portarias (4,2 milhões de leis nos três
níveis desde 1988 no Brasil);
·
os
ganhos baixos dos professores (tanto em salário quanto em treinamento e
recursos);
·
a
falta de proteção dos rios, lagos, oceanos (estes estão com manchas horríveis
de lixo vistas de satélites);
·
o
consumo desenfreado, muito além das necessidades;
·
a
falta de racionalidade do capitalismo mundial;
·
o
absurdo sistema de transporte por ar, água, terra/solo;
·
as
queimadas na Amazônia;
·
a
falta de enquadramento na questão indígena mundial;
·
as
perseguições religiosas;
·
a
falta de trabalho para os jovens;
·
as
bolhas imobiliárias;
·
e
mais um milhar de problemas grandes que Demerval listou.
Então ele construiu
um supercomputador caseiro baseado em Linux, conectando 80 máquinas usadas
compradas barato e pacientemente unidas com a ajuda dos filhos que tinham
cursado Ciência/Engenharia da Computação e Matemática da Computação.
Pediu ajuda de
pessoas através do país, especialmente no ES, para nas horas de repouso dos
trabalhos próprios dos programáquinas eles poderem ser juntados à rede de
computação, principalmente de noite; cada computador distante representava um
problema, trabalhando-o solitariamente, recebendo inputs e enviando as
respostas ao SCC (supercomputador caseiro), o roteador da matriz de problemas.
Cada vez que saiam
dados de qualquer máquina eles rodavam por todas as outras, o SCC calculando as
correlações estatísticas segundo o algoritmo que inventaram, tudo em altíssima
velocidade, trabalhando dia e noite (no caso do SCC, mas não dos demais)
durante 800 dias. A Curva de Representação oscilava mês após mês, procurando a
verdade correlativa, até que um dia travou numa posição firme e irredutível.
Era aquela. A partir dela, acreditando nela, o SCC reenviou os DADOS DE
RECONDICIONAMENTO a todos os problemas, ajustando as curvas características
deles.
Demerval obteve então
a Curva Civilizatória que representava o rosto desta civilização.
Então...
No 801º dia ele
recebeu a visita dos agentes e de um grande caminhão que estacionou em sua
porta e levou tudo, dos filhos à esposa, do SCC ao Demerval, do cachorro aos
móveis e ao vizinho xereta.
Há, há, há, eles
pensam que nos escapam.
Estamos de olho.
Gostoso é
acompanhar a revolta dos que ajudaram Demerval.
Serra,
quinta-feira, 12 de abril de 2012.
José Augusto Gava.
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