A CPI da Caverna de Ali Lulá
Os deputados e os senadores estavam alvoroçadíssimos, querendo um dinheirinho para fazer a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e um dinheirão para NÃO FAZER.
A negociação se prendia a isso.
Ali Lulá e os 40 ladrões faziam de tudo para fingir que não sabiam de nada e freqüentemente Ali Lulá, também conhecido como Luladrão e Lulambão, chefe da banda e do bando da banda, dizia “não sei de nada” e ficava por isso mesmo. Aliás, não era somente uma caverna, eram várias nas Cavernas-Paraíso fiscais.
Ali Lulá tinha uma senha e os outros tinham outras senhas das sub-cavernas, de modo a cada um ter a garantia de o dinheiro dele-dos-outros estar bem protegido de outros, terceiros e quartos ladrões.
Todo mundo estava muito sensível, porque aquilo de meter a mão no suado dinheiro tirado dos outros era verdadeiramente um acinte, uma desfeita.
Ali Lulá claramente roubava mas cooptou os 40 ladrões, não foi como o Collorido e o P6, que queriam roubar só pra eles.
A caverna da Ali Lulá era cavernosa.
Os deputais e senadores queriam porque queriam ajuda (não AJUDAR, isso não), pressionavam em nome do povo e de todos os des-válidos, de todos os des-providos, aqueles merdinhas que nada tinham e se atreviam a pensar em ter, contra a roubalheira história brasileira, neste ponto já ultrapassando 500 anos de patifarias. “E o nosso?”, perguntavam na maior cara-dura. Era o excesso de querer, era o querer-mesmo: “sabendo roubar, ninguém irá pegar”, era o lema corrente. E alegavam: o falar é de prata (botar a boca no trombone custa menos) e o calar é de ouro (ficar em silêncio custa mais).
A divisão seria proporcional, o Alto Clero (os influentes) levando mais, 80 % para 20 %, o Baixo Clero (os porqueiras) levando menos, 20 % para 80 %, proporção de 4 para ¼, quer dizer, 16/1 como na divisão anti-social do Brasil e do ES. Bom, devemos respeitar nossa sociedade, devemos nos inserir nela, reverenciar seus valores, principalmente se forem NOSSOS VALORES.
Naturalmente Ali Lulá resistia, os 40 ladrões não queriam largar o osso, agora que tinham uma parceira, a Zilmandona.
Vou te contar, a negociação foi difícil.
Por fim o espírito de camaradagem venceu e foram “felizes para sempre” todos os que puderam ser. Os que ficaram de fora, azar. Fica bobo, fica.
Serra, terça-feira, 02 de julho de 2013.
José Augusto Gava.
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