O cara e a namorada entraram no Moitel de carro,
rodaram e rodaram e não viram as construções, era uma área ampla, bem
arborizada, com ruas bem delineadas, com ótimo calçamento, com meios-fios bem
pintados de branco, grama ao redor, tudo muito lindo e arrumado, muito
cuidadoso e alinhado.
Voltaram à portaria.
- Ei, companheiro.
- Oi.
- Cadê os quartos?
- Que quartos?
- Os quartos, ora.
- Que quartos seriam esses?
- Quarto, aquela coisa que tem cama, aquele
espaço entre quatro paredes.
- Não precisa ironizar, que não sou burro,
eu sei o que é quarto.
- Então, cadê eles? Cadê o nosso?
- Não tem quarto nenhum.
- Como, não tem quarto? Todo motel tem
quarto.
- Este não tem.
- Não tem? Então onde vamos ficar?
- Debaixo de uma árvore, claro. Tá vendo as
duas linhas que têm distância de eixo de veículo, siga por elas, veja os outros
carros, é fácil.
- Nunca vi disso! Você já viu, bem? (A
namorada disse que não).
- Pois é, aqui é assim.
- Mas nós pagamos por quarto.
- Não, vocês pagaram bem baratinho, é pegar
o que é oferecido. Vocês pensaram que tinham pagado quarto.
- Cara, nós viemos para ficar em motel, não
debaixo de árvore. E dentro do carro, vamos e venhamos...
- Você leu a placa?
- Li.
- O que estava escrito?
- Motel.
- Não, estava escrito MOITEL, motel-moita,
cada carro debaixo de uma moita.
- Como assim?
- Poxa, você demora pra entender, né?
- Eu não vou ficar debaixo de moita. Você
vai, bem? (A namorada responde que não). Nós pagamos a suíte imperador.
- Tá de gozação comigo?
- Não, senhor, é assim mesmo, demora a
acostumar. Mas por esse preço, é isso. Se o senhor quiser tem um motel aqui
perto, mas o preço é 10 vezes o nosso.
- Você se incomoda, bem? (A namorada diz
que não).
- Vão querer ficar quanto tempo?
- Sendo mais barato, vamos ficar mais
tempo. Tem cerveja?
- Tem.
- Tem bebida quente?
- Tem.
- Tem comida?
- Tem, só salgadinho.
MORAL DA HISTÓRIA: leia o aviso, que diz.
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Serra, quinta-feira, 29 de março de 2012.
José Augusto Gava.
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