Assim como naquela
palhaçada do Kit Gay, os governantes em mais uma aterrorizante campanha
antipopular - contra os costumes sagrados do povo - decidiram instalar (fora as
câmaras que em todo lugar vigiavam, apesar da declaração da constituição
maltrapilha que dizia “ninguém é culpado até prova em contrário”) os
pentelhômetros, os medidores-de-pentelhos, sendo “pentelho” a gíria para pessoa
chata.
Começaram pelas
repartições públicas e foram evoluindo até as fábricas, as ruas, os cafés, os
bares, os restaurantes, os aeroportos, os portos, as rodoviárias e finalmente,
visando coibir desde o berço, as escolas e as casas.
Todo mundo era
suposto pentelho até prova em contrário.
E a prova em
contrário era passar toda a vida sem ser pentelho: ao morrer o cidadão sem
mácula recebia um atestado de “nada consta”.
Diferentemente de
nos outros países, onde o grupo menor é que era vigiado, presumindo-se todos os
demais isentos e não-culpados, ficando como mínimo vigiável os verdadeiros
perpetuadores, no Brasil era o contrário, todos eram culpados até não-fazerem.
Todo dia você acordava culpado e ao dormir (ainda assim vigiado, pois poderia
sonhar) desarmava-se o sistema.
Assim, deram de
medir os “pentelhos”.
PENTELHOS & CIA (a humanidade é
assustadoramente chata)
E já que os
desocupados do Governo (dá procê ver que não gosto deles) tinham pensado no Kit
Gay que ofendeu o povo, e em tantas porcarias degeneradas, por que não graduar
o pentelhômetro? Primeiro colocaram de um a 10, depois de um a 100. Usaram
padrões para graduar, por exemplo, o Faustão e o Galvão Bueno, foram ajustando
até medir precisamente o grau de pentelhagem de cada um.
Começaram a medir e
a anotar nas fichas funcionais e depois na caderneta escolar, incluindo no
ENEM. Depois de muitos estudos concluíram que todos nós somos, fora um
infinitésimo, pentelhos em algum momento, somos mesmo enjoados em alguma
medida. Desde as pirraças infantis até os velhos turrões. Os velhos, então, são
craques nisso, são enjoadíssimos de fato. Porisso iremos nos desfazer deles?
O povo colocou-se
contra, aconteceram manifestações, os procuradores entraram com ação, as elites
se puseram irremediavelmente contra também, o projeto fracassou, mas eles
continuam pensando.
Serra,
segunda-feira, 16 de abril de 2012.
José Augusto Gava.
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