Como
sei que o Jorge estava armado?
Visualmente,
eu vi, ele puxou a arma para mim.
Era
um desses canhões, aquelas armas enormes que a gente vê nos filmes, nunca
pensei que ia atirar, até parecia impossível aquela arma disparar. Na verdade,
parecia tão pesada que nem conseguia entender como era possível empunhar.
Sei
que na China é proibido o porte de armas e cada policial, ao receber a sua,
recebe-a com as balas contadas, tendo de prestar contas de cada uma delas. Vi
isso num filme em que um deles tinha perdido a sua e passava o tempo todo
caçando-a freneticamente, sob pena de perder o cargo e ainda ser preso.
Ele
atirou, acertou, morri.
Fui
a favor do porte de armas no plebiscito, tinha lá minhas razões, que agora são
irrelevantes, a coletividade medrosa tinha as dela. É não querer enfrentar,
entende? Agora vejo que enfrentar a bandidagem teria sido o certo, em vez de se
esconder atrás de suposta defesa possível, se alguém te atacar em casa de noite
– para preservar essa possível defesa damos o direito dos bandidos andarem
armados o dia todo e os policiais fazerem e acontecerem.
Foi
um tirambaço, abriu um buracão em mim, mal deu tempo de suspirar, nem fui
levado ao hospital.
Lembro-me
de matéria que dizia que na América do Norte do lado canadense - onde não
permitiam posse de armas - o índice de homicídios era, salvo engano, 16 x menos
que do lado americano, onde a proliferação é conhecida, olhe na Internet.
Alguém deveria ter feito levantamento desapaixonado em todos os países do
mundo, acho que os governantes tinham esse dever.
Bom,
agora não adianta nada.
Fico
pensando também que com essa progressão do uso de crack os meliantes andam mais
afoitos no uso das armas de fogo. E, ademais, os policiais enfrentam homens
armados em sua patrulha, trocam tiros, verdadeiros combates de guerra civil
(conforme eu disse que havia, faz três décadas).
É
falta de coragem um país não se enfrentar, não se tornar sério, ser infantil a
ponto de usar armas de fogo a torto e a direito.
Agora
vejo com esses olhos que a terra já comeu.
Serra,
sexta-feira, 30 de março de 2012.
José
Augusto Gava.
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