Não havia Mulher de
Aço porque pegaria mal.
Mulher de Aço
afastaria todo mundo, muito dura e intransigente, o contrário do que pensamos
das mulheres, doces e compassivas, conciliadoras, amorosas. Nem os homens se
aproximariam; e se tivesse filhos e filhas estes e estas achariam
demasiadamente estranha essa mulher. Intransigente, excessivamente rigorosa,
birrenta, dominante.
Não era Homem de
Ferro, porque esse já seria outro, precedido pelo Homem de Bronze e suplantado
pelo Homem de Titânio. Nem Homem de Ferro Fundido, que se parte fácil, uma
florzinha.
O Homem de Aço
dependia da quantidade de carbono, pois ele engolia carvão e quando tomava umas
canas bravas cuspia fogo, incandescia, o estômago queimava. E esse Homem de Aço
queria mais que tudo ser Homem de Aço Inoxidável, de preferência Homem de Aço
Ginsu.
Ele era duro.
Duríssimo.
Não temia pegar
chuva, nem muito menos sereno, nem sereno da madrugada, nem chuvarada, nem
tempestade, zombava de tudo isso cantando “cotoco de vela quer me segurar”.
Nada temia esse
Homem de Aço, exceto o Homem de Diamante ou homens quase tão duros quanto este,
que aí já seria demais, procurava evitar. Não que fosse covardia, de jeito
nenhum. Nem ele judiava do Homem de Vidro ou do Homem de Alumínio, mais fracos,
não, ele era cuidadoso com o pessoal inferior. Uma vez o Homem de Latão
implicou com ele, estava bêbado, o pobre infeliz, um peteleco e ele teria se
amassado todo, mas em vez disso o Homem de Aço agüentou tudo caladinho, sem
piar. O Homem de Duralumínio, que estava do lado e já era um parente mais
evoluído do Homem de Alumínio, falou: “bate nele, bate nele”, mas o Homem de
Aço ficou quietinho, que não era de bater nos mais fracos. Bom, na realidade
depois de muita implicância pisou no pé e esmagou os dedinhos, mas não foi mais
do que isso.
Homem de Quartzo também
ficou do lado, vibrando e empurrando, querendo ver sangue, tudo perfeitamente
inútil. Homem de Chumbo, muito maleável, se dobrava facilmente e ficou
atiçando, acho que ele é masoquista, gosta que afundem a cara dele. É um
nojento, gosta de apanhar. Nem tem vergonha, o pulha. O Homem de Cobre também é
fraco, não vem me dizer que não é, é sim, falo aqui e falo na cara dele! Eu
sei. Eu vi, meninos, eu vi.
O Homem de Aço é um
gentleman, um cavalheiro, um gentil-homem, um nobre, uma postura que vou te
falar! Não se fazem mais homens iguais. Aço é o Homem, é o que há, dou
testemunho, não é por ser meu primo, não senhor, é a dignidade. Pra você ter
uma ideia, ele se esfrega com Bombril pra dar brilho e palha de aço daquelas de
antigamente para limpeza mais profunda. E toma banho de ácido.
Serra,
quarta-feira, 04 de abril de 2012.
José Augusto Gava.
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