Thursday, October 31, 2013

As Três Invenções Mais Importantes (da série Expresso 222..., Livro 2)


As Três Invenções Mais Importantes

 

                        Por sugestão de Wagner Luís Borges Fafá, despachante de patentes da CENDI, em Vitória, e presidente do Clube Brasileiro dos Inventores (www.inventar.com.br) , fui ao jornal A Gazeta dar entrevista. O jornalista, Walter, me perguntou as duas, depois as três invenções que eu julgava mais importantes. Seria preciso consultar uma lista, porque às vezes a gente deixa escapar algo importante, até crucial.

                        Contudo, na minha opinião, estas são as três mais.

                        A Roda é uma opinião unânime, a primeira de todas, e a mãe de todos os transportes de terra, como carros (automóveis, caminhões, tratores, locomotivas – quem imaginaria uma locomotiva sobre patins?), e do ar, como aviões (eles poderiam pousar sobre colchões de ar?), menos de água.

                        Nas outras duas destoei da opinião geral.

                        O Fósforo é o fogo portátil, a humanidade independente, portadora de luz e de energia transformadora. Não é à toa que Prometeu, que roubou o fogo aos deuses do Olimpo, símbolo dos inventores, foi castigado com torturas eternas pelos ciumentos olímpicos. O fogo é tanto destruidor quanto construtor. Destruidor enquanto descontrolado (um piromaníaco é um sujeito descontrolado) e construtor enquanto controlado. O domínio do fogo é o precursor de todo uso de energia, de toda capacidade humana de conseguir mudar os elementos; porém, antes do Fósforo, era tudo difícil demais, sendo a melhor ilustração, risível e maravilhosa, o filme A Guerra do Fogo. Imperdível, um documento antropológico e geo-histórico que não deveria faltar em nenhum lar, em nenhuma empresa, em nenhum governo, para sempre lembrarmos como éramos atrasados, e ainda somos.

                        O Arco-e-Flecha é a morte à distância. Frisei ao Walter que não estou estimulando as armas, pelo contrário, eu as detesto, tanto ao ato em si como à perspectiva de infantilização potencial que advém de seu uso. Sim, porque as pessoas, pensando que estão crescendo com elas, estão na realidade diminuindo, pois precisam de um ato terminal que substitui o diálogo e o autêntico crescimento psicológico sócio-econômico. Contudo, em termos de evolução, o Arco-e-Flecha levou ao movimento de ataque/defesa, portanto ao aprimoramento da evolução psicológica, e à construção da civilização. Colocando o problema agudo de uma pessoa poder ser morta pela fecha disparada por um arqueiro situado 300 metros além, o par fez a humanidade pensar com afinco. Ele é o pai-mãe de todas as armas, do revólver à bomba H.

                        Talvez eu devesse criar uma lista das 100 ou 200 invenções que julgo as mais significativas, sem, entretanto, colocar uma ordem, deixando as pessoas criarem seu próprio catálogo. Um livro em fichários, permitindo reorientação. Ou, quem sabe, uma lista minha, colocada no fim, para ver com cada leitor(a) as diferenças que ele (a) empresta ao conjunto. Claro, diferentes formações psicológicas, diferentes valores, diferentes classificações.

                        Vitória, quinta-feira, 23 de maio de 2002.

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