Sunday, October 27, 2013

Tem, Mas Acabou (da série Se Precisar Eu Conto)


Tem, Mas Acabou

 

O povo fala assim.

Tem, mas acabou.

Eu entendo, ele quer dizer que o lugar vende, mas naquele momento não pode disponibilizar.

O povo diz: “o movimento tá muito parado”.

É preciso interpretar.

Ele quer dizer que o fluxo natural reduziu bastante, quase parando, o que é incomum perante os outros dias.

É que o povo fala pouco, o povo é das imagens, não é das palavras, a lógica dele é pouca, mal dá para o gasto, fica na superfície, comete erros porque nunca há tempo para raciocinar, o povo vive dos raciocínios mais detidos das elites. É porisso que podemos dizer que o povo preserva as elites e estas vivem abusando, cometendo desatinos. O povo agüenta as elites PORQUE não sabe raciocinar, não quer isso “das matemáticas”, nem saber de ciências, técnicas, nada que for profundo.

Fica na superfície.

O povo coloca dois copos à venda, o grande e o médio, não entende que médio está no meio, havendo necessariamente um pequeno abaixo; pensa que “médio” significa aquele volume, por exemplo, 500 ml, 250 ml e 125 ml – médio é aquele copo do meio, não significa que há um menor.

Diz, quando indagam do que a mulher gosta no homem, tratando-se do rosto: “gosto quando a metade de cima é maior”. Metade é parte, a parte de cima.

Povo é tão engraçado...

É a alma do povo.

Decidi estudar isso, fiz um livro, que é este que estou apresentando, comparando a lógica em sua abordagem alta (dos estudados, dos que freqüentaram universidade) e super-alta (dos mestres em lógica e dialética, em língua, em matemática) com a do outro lado, onde está o povo, que apenas vai adiante via abordagem baixa (dos que freqüentaram alguns anos nas escolas) e super-baixa (dos analfabetos).

Indaguei-me isto: como cada grupo (das cinco classes econômico-financeiras ou sociais A, B, C, D, E) se coloca diante do real quando se trata da emissão de informação? Com quanto cuidado lida com a cessão dela? Quão eficaz pretende ser ao passar informação, dentro dos vários modelos de renúncia (sendo o mais conhecido o pedagógico, sem falar no empresarial e no governamental)?

Essencialmente o povo tem pressa. Falseia, mas não por malícia, de modo nenhum, apenas por não poder dispensar tempo ao aprendizado apurado, tornando-se porisso fraco, razão de existirem as elites que são a outra parte do equilíbrio nacional: uns trabalham e outros pensam e ambos devem respeitar-se.

Serra, quinta-feira, 05 de abril de 2012.

José Augusto Gava.

 

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