Thursday, October 31, 2013

Fazenda ES (da série Expresso 222..., Livro 2)


Fazenda ES

 

                        No modelo falei das “terras preciosas”.

                        As pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo) não estão avaliando com bastante profundidade a questão da terra/solo.

                        Primeiro índice: a população vai passar dos atuais seis para 12 bilhões em 2050, daí um fator de dois.

                        Segundo índice: a desertificação está aumentando – significando menos terras úteis para qualquer coisa, inclusive moradia e visitação. Aqui devem ser incluídas também a salinização dos solos, a tomada de terra pelas hidrelétricas, e o que mais houver.

                        Terceiro índice: a população rural passou no Brasil, em 40 anos, de 70 a 30 % no campo, e está sendo reduzida drasticamente. 70/30 = 2,33. Quando chegarmos a 4 %, como nos EUA e outros lugares, teremos 100/4 = 25. Só um em cada VINTE E CINCO indivíduos terá acesso direto ao campo. Esse esvaziamento do campo, ou êxodo rural, julgado positivo em algum instante, gerará uma tremenda nostalgia, uma saudade formidável, uma dor intensa, uma melancolia incontrolável nas criaturas, o que valorizará as terras do interior de uma forma que sequer podemos sonhar.

                        Quarto índice: os oceanos ocupam 70 % da superfície da Terra (total de 510 milhões de km2). Do 1/3 restante (160 milhões de km2 de terras emersas) sobram menos de 90 milhões de km2 (fiz as contas, retirando desertos, gelos, águas internas, etc.), devendo pelo menos 1/3 ou 30 milhões de km2 serem mantidos como reservas naturais. Restam 60 milhões de km2 para efetiva ocupação humana. Daí, 160/60 = 2,7.

                        Colocando esses índices em seqüência, teremos: 2 (duplicação da população) x desertificação (não avaliável – avança dois mil km2 POR ANO) x 12,5 (imaginando que metade das nações perseguirá o modelo americano) x 2,7 = 68 (sem contar a desertificação).

                        Veja, tudo isso é exponencial.       

                        Porque no primeiro índice as moradias humanas devem incluir as fábricas, a agropecuária/extrativismo, o comércio, os serviços, os bancos e a presença governamental, todos ávidos de construírem prédios e edifícios variados.

                        Qual o índice de EXPONENCIALIZAÇÃO?  

                        Não sei, mas se imaginarmos que é o menor deles, dois, teríamos 4,6 mil para um. As terras vão valorizar tremendamente. É muita coisa, mesmo. É algo até de apavorante o que as pessoas darão para ter um pedacinho insignificante de terra. Sem dúvida os elementos da Bandeira Elementar (ar, água, terra/solo e fogo/energia, mais a vida no centro e no centro do centro a vida-racional) constituem os melhores investimentos do século XXI, sem falar em lixo e transportes, que estão um pouco abaixo.

                        Neste sentido, como já disse a meus filhos (Clara e Gabriel), o que haveria de melhor seria comprar QUALQUER TERRA disponível ou ofertada no mercado capixaba, ou em qualquer lugar, por exemplo, os estados pequenos, muito populosos e ricos, como o Rio de Janeiro ou São Paulo. Comprar sítios, fazendas, roças, propriedades – seja que nomes recebam. QUALQUER PEDACINHO JÁ FAZ SENTIDO.

                        A terra/solo se tornará um objeto de desejo intenso, neste e nos futuros séculos, à medida do crescimento populacional.

                        Mas, em vista da própria pressão e demanda por terras, concentrá-las em megapropriedades, em latifúndios, seria besteira, por conta da justíssima reinvindicação do MST, Movimento dos Sem-Terra. É preferível comprar pedaços separados e NÃO JUNTÁ-LOS, de modo algum. É fundamental deixá-los separados, mesmo se contíguos, se colados uns aos outros, com as diferentes denominações originais. Frações de solo se tornarão TÃO CARAS que serão disputadas, mormente se tiverem rios, montanhas, restos de florestas, o que for de diferente e notável.

                        Vitória, sexta-feira, 03 de maio de 2002.

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