Thursday, October 31, 2013

O Cobertor Atmosférico da Terra (da série Expresso 222..., Livro 2)


O Cobertor Atmosférico da Terra

 

                        A atmosfera, a gente vai raciocinando, não tem poucas utilidades, tem muitas.

                        1) impede que os daninhos raios cósmicos nos atinjam, com a camada de ozônio (O3) interpondo-se entre eles e nós. Atacada desde faz algum tempo pelo gás de geladeira CFC, clorofluorcarbono, abriu-se nela um buraco enorme sobre a Antártica;

                        2) tendo o oxigênio, altamente tóxico, mas que a vida usa para se manter, é fundamental para nós (se o ser humano pode ficar um mês sem se alimentar e uma semana sem beber, não viveria mais que três minutos sem respirar);

                        3) impede que a maioria dos meteoritos (menos os relativamente grandes, que são mais raros) caia sobre nós em enxames;

                        4) previne que o calor gerado pela radiatividade do interior da Terra escape para o espaço, o que permite a manutenção dos vulcões e outras atividades essenciais. Sem a atmosfera a temperatura seria muito menor na superfície. De fato, o efeito estufa mantém a temperatura de Vênus em 450º. Talvez a da Terra caísse 30º ou mais, o que inviabilizaria a vida como a conhecemos, pois a água congelaria;

                        5) facilita enormemente o vôo dos pássaros, que são fertilizadores, pois levam sementes a grandes distâncias;

                        6) ajuda a propagação da fala, e assim por diante.

                        A gente não pára para pensar, mas a atmosfera é um cobertor que a Mãe Natureza nos deu. Claro, se ela não existisse a Vida procuraria outras saídas, porém com ela tudo é mais fácil e amplo.

                        Deveríamos fazer o exercício de retirar a atmosfera mentalmente e ver o quanto isso nos custaria, em todos os sentidos. A Clarice Lispector diz que “a falta é a arte”, isto é, só descobrimos quanto uma coisa é importante para nós quando ela se ausenta. Nós nunca demos importância à água, exceto agora, quando ela começou a ficar escassa.

                        O ar é ainda mais onipresente que a água.

                        Se, para obter água, devemos buscar um rio ou uma lagoa, ou poço, ou o que for, o ar está sempre presente onde estivermos, daí nós nunca pensarmos nele como uma mina, como um recurso extrativo, que pode um dia faltar. Conseqüentemente, somos displicentes com ele, MUITO MAIS do que com a água. E se um rio poluído não nos atinge exceto quando vamos até ele, o ar SEMPRE nos alcançará.

                        Nas escolas as gerações não vem sendo preparadas para o FUTURO DO AR, da atmosfera terrestre. Ninguém discute a questão dele, nem o da água, nem o da terra/solo, nem o do fogo/energia. Um dos motivos é, para estes dois últimos itens, os interesses da burguesia. Para os outros dois é a ignorância, o pecado do desconhecimento, e a estupidez de não querer entender, de não desejar ver.

                        Contudo, em 50 anos o ar estará em perigo.

                        Se achamos que o caso da Cidade do México foi grave, que dirá desse futuro? Pense-se em quanto pagaremos em termos de hospitais e tratamento médico por nosso descaso, como psicopatias e sociopatias de todo tipo. A medicina curativa é boa, mas a medicina preventiva é muito melhor. A psicologia curativa é boa, mas a psicologia preventiva é muito melhor.

                        Penso que um grupo-tarefa deveria ser incumbido o quanto antes de fazer um mapeamento exaustivo, completo, da questão do ar, com investigação da importância tremenda da atmosfera da Terra para nós, mostrando seus resultados a todos, em particular às crianças.

                        Vitória, segunda-feira, 20 de maio de 2002.

                  

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