Thursday, September 26, 2013

Extrema Unção (da série Conto N'Ato)

Extrema Unção

Nessa praia há uma península a que deram o nome de Unção.
PENÍNSULAS, ISTMOS, ILHAS, LAGOAS E OUTROS ACIDENTES GEOGRÁFICOS (os geo-gráficos são muito dados a acidentes)
Extrema, e logo acima à esquerda, Unção.

Quando você chegar a Extrema Unção, lá nos limites de Unção, você já estará nas últimas e para frente topará com a praia, a areia onde a Terra e o Mar se beijam desavergonhadamente à vista de todos, o tempo inteiro, é uma beijação escandalosa, pública e sem que autoridade nenhuma reclame do despudor. Escandanosa, devo dizer, porque escandaloso-danosa, veja o tipo de sem-vergonhice a que estamos sujeitos, com as crianças vendo tudo, alguém tem de dar um jeito.
Ach, que coisa nojenta, nem sei o que dizer.
A comadre também acha a mesma coisa.
EXTREMA UNÇÃO

Unção é essa vila tão bonitinha, uma gracinha, um xodozinho mimoso tãoooo belo que chega dói, igual Jijoca de Jericoacoara, Ceará.
JIJOCA DE JERICOACOARA

Tá no Google Earth e no Google Maps, você pode digitar lá. E também no Wikimapia, que dá até os bairros, as delimitações, é espetacular.
Tem gente que confunde, mas Extrema Unção é o fim mesmo, quando nada mais existe e além é só a escuridão insondável. Não tem em ilha, porque ilha não tem extremo, a menos que a ilha tenha uma península. Ilha é circular, é cercada de água por todos os lados. A bem da verdade, como as Américas são cercadas de água por todos os lados, originalmente eram um continente compridíssimo, ao passo que agora, divididas pelo Canal do Panamá, constituem duas ilhas-continentes, a Ilha do Norte e a Ilha do Sul. Na prática, mesmo, temos a América do Norte ao norte do Canal e a América do Sul ao sul do Canal.
É a lógica, mas quem sou eu para falar algo a essa gente?
Pois bem, a comadre e eu estamos quase no limite, perto da Extrema Unção, que é a vila mais avançada do balneário de Unção. E lá estamos nesse bairro, Mais Pra lá do que Pra Cá. Você pode ir nos ver, mas vá logo antes que a gente vá embora. Como dizia minha mãe, quem quer fazer por mim faça em vida.
QUEM QUISER FAZER POR MIM
Quando Eu Me Chamar Saudade

Sei que amanhã
Quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha um bom coração
Alguns até hão de chorar
E querer me homenagear
Fazendo de ouro um violão
Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora.
Me dê as flores em vida
O carinho, a mão amiga,
Para aliviar meus ais.
Depois que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais
Composição: Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito

Todo mundo sabe onde moramos, duas velhinhas mais em Mais Pra lá do que Pra Cá .
Serra, sexta-feira, 09 de novembro de 2012.
José Augusto Gava

No comments: