O Fim Está Próximo (da série Conto N'Ato)

O Fim Está Próximo

O fim está próximo.

Não foi ninguém que me disse, eu sei.

É uma coisa na minha cachola, percebe?, uma sensação de que falta pouco para acabar. As pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e até os ambientes (cidades-municípios, estados, nações e mundos) se acabam mesmo, terminam, embora em prazos cada vez mais longos. Como dizem as pessoas, o mundo termina para quem morre, para quem vive o mundo continua.

NÃO ESTOU FALANDO DE NADA DISSO! Estou falando do fim, do fim mesmo. Eu sinto que o fim está próximo.

ESSES QUE FALARAM DO FIM

Privataria bacana para quem estava dentro (pena que não coube todos os brasileiros).	É o fim.

Tudo acaba, tudo irremediavelmente acaba, menos i Deus-Natureza, que é o próprio pluriverso de sempre para sempre.

E quando vem alguém e previne, as pessoas zombam. Não acham que foi ajuda, acham chateação, acham que está diminuindo o brilho do dia, o correr da festa, o prazer de bagunçar.

Cê acha que é fácil dizer que o fim está próximo?

Fica a sensação de que o prazo está se esgotando, que logo ali tudo se acaba, que é o arremate mesmo. Que estamos perto da conclusão das coisas. Você acredita que gosto de pensar que o fim está logo ali? Hem? Pelo amor de Deus, tenha mais consideração, se é o fim é o fim mesmo, o término da chance de eu me expressar, de falar com as pessoas, de dizer algo de relevante, de contar algo do que percebi.

Você por acaso aproveitou meu aviso?

Quando eu disse que era o fim, você pensou o quê?

É o fim mesmo, entendeu?

É o fim.

Serra, sexta-feira, 16 de novembro de 2012.

José Augusto Gava.