Vivendo na Roça Durante a Guerra
Vivíamos num lugar tão distante de tudo, tão separado do veio central da civilização que não fazíamos diferença.
Ninguém veio pedir a nossa ajuda.
Isso foi o mais humilhante.
Nem um bom-dia. Nem por deferência “vocês podem ajudar?”
Nada, ficamos totalmente apartados e de fato só fomos saber depois, e por meios indiretos, quando foi notificado através do noticiário bíblico em Gênesis.
TERRA DA PERIFERIA (é como nos vêem)
Só porque eu sou pequenininho?
| |
Não vem diminuindo, não, tô falando.
| |
GRUPO LOCAL
|
VIA LÁCTEA
|
CENTRO
A capital não se preocupa com a gente, não, eu fico puto.
|
PERIFERIA
|
VIZINHANÇA
Tudo pobre que nem nóis.
|
SOL-ITÁRIO, SOL-ZINHO
Tá vendo lá longe? É o centro, a capital.
|
Acho que a vizinhança também não ficou sabendo de nada, é muita desconsideração!
Uma briga destamanho e não sobrou nada pra gente, nem servir como base durante trânsito, como quando a Inglaterra Grande Bretanha pediu ao Brasil para trair a Argentina. Nem sequer ficamos a ver navios, porque não passou nenhum aqui para o nosso culto da carga, a menos que tenha passado e a gente não tenha reparado.
A gente fica passada!
Se pelos menos tivessem pedido licença para acantonar as tropas enquanto elas estavam indo daqui para ali e voltando dali para aqui e assim sucessivamente, toda aquela coisa emocionante das nossas moças ficarem babando pelos guerreiros, mas não, de jeito nenhum, nem um alô, nada mesmo, ficamos no “ora, veja”.
A falta de respeito é assombrosa.
Que sejamos roceiros, tudo bem, somos da periferia, nosso bairro nem tem estradas celestiais pavimentadas, mas assim também já é demais.
Aquele porradeiro danado entre as Tropas do Senhor e os Anjos Rebeldes e nós aqui, nem vimos na televisão.
Vou te contar, é de ficar injuriado.
Serra, quarta-feira, 28 de novembro de 2012.
José Augusto Gava.
No comments:
Post a Comment