Finja
II: O Buraco Vai Mais Embaixo
Eram amigos, um físico, outro geólogo,
seguiram adiante com a teoria de um terceiro amigo, leigo, sobre o que este
chamara de Teoria das Flechas (cometas e meteoritos), algo bem extenso que eles
aceitaram calcular nos detalhes.
OS
DETALHES
1. Ângulo de incidência,
90º vezes 60 minutos, 5,4 mil variáveis (não valia a pena segundo de carco,
exagero);
2. Isso multiplicado por
360 graus na horizontal porque há vários materiais embaixo:
3. Densidade da flecha
(as várias composições: condritos, acondritos, ferrosos, palasitos,
mesosideritos, etc.);
4. Temperatura da
atmosfera (pode ser numa das quatro estações, toda longitude, latitude,
altitude);
5. Velocidade de
entrada;
6. Se em terra, na borda
(misto) ou nos oceanos (essas quedas eram imensamente mais destrutivas);
7. Dimensões (massa,
forma, volume total);
8. Se puxada de próximo
da Terra (objetos NEAR) ou pelo Sol;
9. Tipo de rocha da
Terra;
10. Os maremotos
produzidos e seus tsunamis associados;
11. Os tufões gigantescos
criados;
12. O movimento das
placas tectônicas;
13. A reverberação do
solo profundo;
14. Os vulcões em cadeia
estourando no mundo, etc.
Na Lua foram contadas 30 mil crateras e
comparativamente esperavam encontrar 400 mil na Terra, mas estudaram somente as
duas mil maiores, não valeria a pena muitos detalhes, depois a comunidade
trataria disso – além do que tomaria muito tempo, tinham de cuidar da
precedência da apresentação.
Detalhes das quedas pregressas eles
acrescentaram ao modelo.
Não seria um modelo detalhadíssimo, mas seria
bem convincente.
Calcularam que seriam bem (5,4 mil x 360º x
...) umas 200 mil variáveis, vezes 2,0 mil crateras identificadas (para
garantir a previsibilidade, a ciência é basicamente previsão – deu “em cima
mesmo”, com variações dentro das margens aceitáveis, como apresentadas), seriam
aí 400 milhões de filmes curtos.
Como os computadores da TUFES não
comportariam tantas construções em 4D (3D + tempo) dos filmes curtos, eles
pediram ajuda a Campinas, que remeteu a alguns supercomputadores mundiais para
redundância, eles cifraram tudo a 128 bits e receberam as respostas, puderam
ver na tela grande os efeitos passados, ficaram olhando pasmados, completamente
entontecidos, mostraram ao tal terceiro amigo.
Seis meses depois eles se encontraram na
praça pública muito movimentada, cada qual com um microfone, falando baixinho,
com distorcedor de fala, não fosse alguém captar com microfone parabólico.
LEIGO – que vamos fazer?
GEÓLOGO – nada.
FÍSICO – se acontecer, pelo menos temos
alguns anos.
GEÓLOGO – e as famílias?
FÍSICO – tá doido? Deixe que eles vivam em
paz, estão felizes, deixe assim mesmo, quando cair a violência será tão
tremenda que duraremos segundos.
LEIGO – com toda certeza eles vem calculando
isso, devem estar construindo túneis, salvaguardas.
FÍSICO – com toda certeza.
GEÓLOGO – nunca nos aceitariam.
FÍSICO – é.
LEIGO – melhor é moitar.
FÍSICO – sim.
Perto dali estava tudo sendo gravado por um des-distorcedor
de última geração.
Serra, sábado, 23 de janeiro de 2016.
GAVA.
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