Gronk XV: Juntando a
Fama com a Vontade de Comer
O tempo foi passando,
agora Gronk era um senhor respeitável de 30 anos, Ban tinha 47, os velhos
amigos tinham ido sustentar os dentões, as hienas e outros predadores ou tinham
sofrido hemorragias incuráveis, embora para alguns Gronk tivesse inventado a
tala com emassamento de barro, consertava, mas às vezes a perna ou o braço
ficava um pouco torto assim, prejudicava um tantinho na hora de correr das
feras, era a conta, elas pegavam mesmo, fazê o quê?
Mirante estava ali,
porque com aquilo das visões dele, ele conseguia escapar sempre, evitava os
ataques dos ursos ENORMES quando o pessoal só de brincadeira o encaminhava para
eles ou daqueles crocodilões gigantescos, uma vez ele escapou de um que media
sete homens de comprimento, só de boca era mais de um homem, sabemos disso
porque ele engoliu um e depois que matamos deitamos sete do lado, passado o
susto fizemos bolsas para as mulheres e comemos carne uns oito meses, acho que
enjoei até.
Eu, pelo meu lado,
tinha certos privilégios, era o escriba, fiquei encarregado das lorotas da tribo,
tinha lançado uns livros com noite de autógrafo e tudo, entrei para as paredes
de sucesso, estou pensando em vender os direitos para Selvawood.
O Gronk tinha
envelhecido de corpo, mas a mente estava ágil como sempre, até mais, ele estava
mais inventivo.
A novidade era que o
Ban tinha se tornado emotivo e mais mentiroso que nunca, vinha esquecendo das
coisas conforme entrava na velhice extrema.
BAN (apontando
carinhosamente o irmão) – eu sempre gostei desse menino. Quando mamãe estava
morrendo de parto eu falei mesmo, pode deixar, mãe, que eu tomo conta dele, já
gosto dele de nascença, tenho simpatia, entende?
Fiquei calado, o Ban
podia estar envelhecendo, mas os braços dele eram que nem toras, assim, ó,
dessa largura, seria um sopapo só para estirar o desafiante. Uma coisa maciça
assim, uma vez (mais jovem) ele deu uma braçada num porco do mato que avançou para
ele e o bicho caiu durinho ali na mesma da hora. Guardei aquela.
Ban estava chorando,
mas ninguém caçoou dele.
Gronk, que se
lembrava de tudo, também chorou.
GRONK – brigado,
mano, cê ter cuidado de mim (sempre é bom perdoar).
Além disso, Gronk
estava com os cavalos na sombra, ele tinha uma criação, vendia para as
redondezas amistosamente incorporadas, afetuosamente fundidas, nesse crescendo
de fusões que vimos procedendo desde que o Gronk inventou a TCC, Tribo do
Cão-Cavalo, e nos tornamos dominantes.
Antes o Gronk já
comia, agora que ficou famoso juntou a fama com a vontade de comer ele tem uma
fieira de filhos de todas as idades, virou um patriarca, é reverenciado e tudo,
nós não vamos mais caçar, mandamos os mais jovens, estamos aposentados. Treinei
um escribinha para trazer as notícias.
Serra, sexta-feira,
22 de janeiro de 2016.
GAVA.
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