Sunday, July 17, 2016


Gronk XV: Juntando a Fama com a Vontade de Comer

 

O tempo foi passando, agora Gronk era um senhor respeitável de 30 anos, Ban tinha 47, os velhos amigos tinham ido sustentar os dentões, as hienas e outros predadores ou tinham sofrido hemorragias incuráveis, embora para alguns Gronk tivesse inventado a tala com emassamento de barro, consertava, mas às vezes a perna ou o braço ficava um pouco torto assim, prejudicava um tantinho na hora de correr das feras, era a conta, elas pegavam mesmo, fazê o quê?

Mirante estava ali, porque com aquilo das visões dele, ele conseguia escapar sempre, evitava os ataques dos ursos ENORMES quando o pessoal só de brincadeira o encaminhava para eles ou daqueles crocodilões gigantescos, uma vez ele escapou de um que media sete homens de comprimento, só de boca era mais de um homem, sabemos disso porque ele engoliu um e depois que matamos deitamos sete do lado, passado o susto fizemos bolsas para as mulheres e comemos carne uns oito meses, acho que enjoei até.

Eu, pelo meu lado, tinha certos privilégios, era o escriba, fiquei encarregado das lorotas da tribo, tinha lançado uns livros com noite de autógrafo e tudo, entrei para as paredes de sucesso, estou pensando em vender os direitos para Selvawood.

O Gronk tinha envelhecido de corpo, mas a mente estava ágil como sempre, até mais, ele estava mais inventivo.

A novidade era que o Ban tinha se tornado emotivo e mais mentiroso que nunca, vinha esquecendo das coisas conforme entrava na velhice extrema.

BAN (apontando carinhosamente o irmão) – eu sempre gostei desse menino. Quando mamãe estava morrendo de parto eu falei mesmo, pode deixar, mãe, que eu tomo conta dele, já gosto dele de nascença, tenho simpatia, entende?

Fiquei calado, o Ban podia estar envelhecendo, mas os braços dele eram que nem toras, assim, ó, dessa largura, seria um sopapo só para estirar o desafiante. Uma coisa maciça assim, uma vez (mais jovem) ele deu uma braçada num porco do mato que avançou para ele e o bicho caiu durinho ali na mesma da hora. Guardei aquela.

Ban estava chorando, mas ninguém caçoou dele.

Gronk, que se lembrava de tudo, também chorou.

GRONK – brigado, mano, cê ter cuidado de mim (sempre é bom perdoar).

Além disso, Gronk estava com os cavalos na sombra, ele tinha uma criação, vendia para as redondezas amistosamente incorporadas, afetuosamente fundidas, nesse crescendo de fusões que vimos procedendo desde que o Gronk inventou a TCC, Tribo do Cão-Cavalo, e nos tornamos dominantes.

Antes o Gronk já comia, agora que ficou famoso juntou a fama com a vontade de comer ele tem uma fieira de filhos de todas as idades, virou um patriarca, é reverenciado e tudo, nós não vamos mais caçar, mandamos os mais jovens, estamos aposentados. Treinei um escribinha para trazer as notícias.

Serra, sexta-feira, 22 de janeiro de 2016.

GAVA.

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