O
Preço das Minhas Ações Só Faz Aumentar
Quando era mais jovem (com 61, perto das
montanhas sou um garotinho), 20 anos, tudo era fácil, as ações não custavam
muito, agora para ir ao cinema é uma luta mental, tomar banho, ir para o ponto
(não sei dirigir, não tenho carro, quando falo isso é quase como se fosse uma
blasfêmia), esperar o ônibus, uma hora e meia de viagem, descer, caminhar até a
sala, comprar o ingresso depois de enfrentar outra fila, assistir ao filme é
bom, tudo de volta.
E no supermercado não compro mais aquelas
coisas baratas populares que eu amava: nada de açúcar sob nenhuma forma (lá se
foram as frutas, os quitutes, todas as gostosuras), nada de sorbet (assim, em
língua estrangeira, fica ainda mais doloroso), nada de bebidas, nada de derivados
do trigo, apenas água e biscoito integral sob os olhares médicos, prescrição,
regrinha.
Qualquer movimento em falso pode torcer o
joelho.
Qualquer dormidinha de tarde estala o corpo,
artrose.
Para tratamento de dente dificuldades.
Tudo é caro, o preço só faz aumentar.
COM AQUILO QUE RESTA
DE MINHA JUVENTUDE (diz a música italiana, Io Che Amo Solo Te, Sergio
Endrigo)
POBRE
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RICO
|
Há compensações.
Com-pensa-ações.
Menos, mas escolhido.
Sem pressa de ser infeliz.
Serra, quarta-feira, 03 de fevereiro de 2016.
GAVA.
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