Levando na Flauta
POBRE
VELHINHA
Quando dão aulas pra gente no
curso de fiscalização citam esse exemplo clássico da velhinha que passava na
Ponte da Amizade entre Brasil e Paraguai para lá e para cá com a trouxa de
roupas, levando-as sujas e trazendo-as limpas, o que os fiscais federais
sempre constatavam: definitivamente não havia muambas.
Os federais ficavam encafifados,
com aquela desconfiança de fiscal coçando atrás da orelha. Paravam a
velhinha, nem um rádio de pilha, nem um celular, nem um computador, nada
mesmo ano após ano.
Até que um deles se aposentou,
parou a velha e perguntou o que ela estava traficando e ela disse “motos”.
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LEVANDO
NA FLAUTA
(flautas de todo tipo)
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Então, decidi “levar na flauta”,
achei um esquema de colocar as pedrinhas de diamantes dentro do tubo da flauta
doce, quando chegava ao destino soltava a cola. Inscrevi-me no curso de flauta
e freqüentei seriamente, de modo a não ser pego por não saber tocar nada.
Quando me pediam, eu tocava, dizia “estou aprendendo” (o que era verdade), saía
meio-desafinado, o pessoal me dava um olhar cúmplice-piedoso e dizia “precisa
treinar mais” e eu, modesto, “é mesmo, mas lutando eu chego lá”, as pessoas
desconversavam e faziam sinal de que não queriam que eu tentasse ali, todos
riam, era uma beleza de congraçamento.
Até achar um filho da puta de
policial no aeroporto que era aprendiz também, achou estranho o som e foi olhar
pelo interior do tubo se tinha algo atrapalhando...
Safado.
Serra, sexta-feira, 20 de julho de
2012.
José Augusto Gava.
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