Violência Urbana

 

Frisaram muito a violência inter-humanos, mas na realidade é tudo muito mais vasto: como sempre, espero que gente com mais tempo e capacidade aborde a questão com grandes detalhes.

OS TIPOS DE VIOLÊNCIA URBANA QUE CONSEGUI PENSAR

CALAMIDADES CIVIS	Apesar da “defesa civil”, o povo não é defendido, as enchentes nos pegam em cheio.
DE TRÂNSITO	Engarrafamentos (promovidos pelos políticos do Legislativo, pelos governantes do Executivo, pelos juízes do Judiciário incompetentes contra o povo), choques de veículos, atropelamentos, choques contra as paredes, etc.
DÍVIDAS INTERNA E EXTERNA	Sangram o Brasil há séculos, desde os primeiros empréstimos na Guerra do Paraguai.
DOENÇAS	Do povo descuidado de si e abandonado pelas elites - cada qual padece várias moléstias.
DOMÉSTICA	Homens e mulheres uns contra os outros, contra os filhos, estes entre si, contra avôs e avós, contra domésticas, contra os cachorros e os gatos.
EXCESSO DE REMÉDIOS	Já em 1970 quando nos países nórdicos usavam 800 fórmulas, no Brasil eram 32 mil, 1/40.
FEIÚRA	De pessoas malvestidas, de casas e prédios feios e sujos, de ruas maltratadas e de sujeiras nelas, quintais imundos, péssima engenharia e deplorável arquitetura dos miseráveis e dos pobres e dos médios.
FINANÇAS	Como sempre, somos sangrados pelos bancos.
GOVERNOS INSUFICIENTES	Não-suficientes, estúpidos, indecorosos, supergastadores, irrefletidos.
GUERRAS	Os russos contaram 14 mil delas e mesmo em nosso tempo de vida (por exemplo, desde 1954) foram inúmeras.
HOSPITALIZAÇÃO INADEQUADA	O SUS vagabundo coloca o povo em corredores infectos, onde as pessoas ficam por dias.
ILHAMENTO URBANO	As famílias ficam fechadas em suas casas, quadras e bairros, as crianças fechadas em escolas minúsculas.
INSEGURANÇA	O povo vive com medo e falando em rearmamento total, sem qualquer regra.
LIXO NAS RUAS E NOS LIXÕES	Infecta a população e os lençóis freáticos.
SALÁRIOS DE FOME	É só acompanhar as necessidades geo-históricas mínimas da decência através dos séculos.
SUPERGASTO ENERGÉTICO	Tanto dos modos antigos de uso quanto dos usos ditos “alternativos” de tecnociência mais eficiente recente: não há autossuficiência energética, nem perspectiva dela.
TRÂNSITO LONGUÍSSIMO	Na Grande Vitória as pessoas podem transitar 20 ou 30 km de casa ao emprego em quatro ou cinco horas diárias.
TRIBUTOS	O povo vive sendo sangrado pelas empresas (elas sonegam) e pelos governos (que não resgatam os tributos pagos senão em 40 %).
USO DE DROGAS	Todas aquelas descritas em Vivendo no Mundo das Drogas e outras.

Essas listadas e outras que o serão vão acumulando dentro das PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) até o ponto do rompimento, quando emergirão como moléstias ambientais do tipo das revoltas (que eu saiba só dois teóricos estudaram as rebeliões de massas, Gustave Le Bon, francês, 1841-1931, em Psicologia das Multidões e José Ortega y Gasset, espanhol, 1883-1955, em La Rebelión de las Masas). Vejo nos terminais e nos ônibus as pessoas de cara amarrada, enfezadas, tristes.

Quantas são as facetas da violência urbana e rural?

Abundantíssimas. E todas elas vem sendo introjetadas pelos indivíduos, vão sendo colocadas no poço da existência humana, enfeiando as criaturas.

Ninguém parou para avaliar num livro TODAS as formas de violência cometidas nas cidades: falam apenas das violências interpessoais, por exemplo, as cometidas com armas de fogo ou armas brancas ou o que for por uns contra outros. Ora, as agressões citadinas não são só essas, de jeito nenhum! São inumeráveis, incontáveis, muito diversas, tornando as nossas vidas desprazeirosas, desconfortáveis, torturantes, angustiosas – verdadeiros fracassos continuados. Se fôssemos realmente computar ficaríamos espantados, inclusive com os casos de divórcio, os roubos e tudo mais.

Nunca, na geo-história do mundo, alguém fez essas contas com apuro.

Já é hora de fazer.

Serra, domingo, 24 de maio de 2015.

GAVA.