Consórcio de Malas
O grupo era
relativamente grande, ocupava o bar quase todo, segunda a quinta porque dizia
que eram dias de profissionais, amador é que bebe sexta, sábado e domingo,
muita gente, cerveja quente, garçom demorando (até um amigo falou: “ei, garção,
suspende aquela que você não trouxe trás duas”), comida feita às pressas, um
horror!
E, como todo grupo
grande, tinha os bons e os chatos, não vamos dizer ruins porque eram amigos,
não é para tanto, ruins são os outros, os estranhos, cada um mais estranho que
o outro, não vê o Zenildo? Era da mesma firma, mas de outra turma. Ruimm, ruim
mesmo.
Então, vai que com o
tempo chegaram à conclusão de que os dois chatos do pedaço, os malas, tinham de
ter alguém encostado, encostadinho, os mais pacientes, os mais tarimbados,
quando eles fossem começar a falar ou fazer besteira, deveriam entreter, sabe
como? Abordar no pé do ouvido, com outro assunto, DISTRAIR, é isso.
MALA SEM ALÇA
Vintage. Tem mala em todas as eras, em toda
geo-história, é universal, tem ET sem alça.
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Pessoal mais elegante, tem em toda classe
social.
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Encontro nacional preparatório,
representante brasileiro.
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Congresso Internacional.
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Os dois encarregados tinham desconto de 40 %
nas contas, dividia tudo por P presentes, descontava 40 % para os dois, os
sem-alça pagavam integral-aumentado e reclamavam: “por quê para eles é menos? ”
O pessoal explicava: “vocês mesmo estavam
presentes, fizemos o sorteio (sem saber que duas canecas foram preparadas, uma
com o nome de todo mundo, outra só com o nome dos dois), eles ganharam, pagam
menos, nós redividimos”.
OS MALAS – ah, é.
Era um consórcio, os próprios malas (o que a
gente não faz para não perder a amizade, porque eles tinham outros valores,
ganhavam mais, eram ricos) pagavam a mais para tomarem conta deles, é assim
mesmo na vida, quem não tem ajudando os que tem a ficar com menos. Se puder
contar com agradecimento, melhor ainda.
Serra, sábado, 16 de janeiro de 2016.
GAVA.
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