Guarda-Lixo (da série Para o Leitor, Conto)

Guarda-Lixo

No novo modelo socioeconômico de responsabilidade total, terminal, as pessoas começaram a ver o lixo de forma diferente:

TODO O SIGNIFICADO DE RETIRAR E TRATAR O LIXO

CONFECÇÕES POR REAPROVEITAMENTO	Garrafas PET e numerosos outros reaproveitamentos.
EMPREGO DE CONTINGENTE SIGNIFICATIVO	Não apenas de coletores (garis, lixeiros, coletores comunitários), de separadores, de vendedores; e todos os outros por avaliar.
NÃO-DISPERSÃO PELO AR	O ar é o mais equitativo dos distribuidores tanto do bem quanto do mal.
PROTEÇÃO DA SAÚDE	Retirando das cidades e vidas os dejetos contaminantes (inclusive se evita a proliferação de ratos e baratas transmissoras de doenças).
PROTEÇÃO DOS AQUÍFEROS E MANANCIAIS	Proteção das águas subterrâneas, das margens dos rios, dos lençóis freáticos.
RECICLAGEM	Reaproveitamento dos materiais, inclusive da energia empregada na confecção e da carga de trabalho empenhado, evitando a destruição dos ambientes nas minas. Sócioeconomia do lixo.
TODO TRANSPORTE	Não apenas de lixo.

Mudar o enfoque quanto ao lixo mudou toda a civilização.

A civilização antes disso era como quem viajasse de carro e jogasse os restos pela janela: dentro ficava limpo, fora ficava sujo para os outros. Ou quem varria o lixo de casa “para fora”.

Não havia “fora da Terra”, tudo era dentro.

De esbanjadora, a civilização global tornou-se poupadora: poupar os objetos significa agora poupar as pessoas, não forçar tanto seus corpos. Só isso de poupar (ar, água, terra/solo, fogo/energia, Vida e racionalidade) dobrou ou mais que dobrou as oportunidades para os antigos excluídos, muito mais sendo produzido com muito menos. Milhões e milhões de embalagens tetrapack privilegiavam mais as pessoas de hoje que aos reis de antigamente. Só depois de abandonados os antigos desacertos é que os vimos como absurdos.

Onde estávamos com a cabeça?

Serra, sexta-feira, 10 de agosto de 2012.

José Augusto Gava.