O Que Ficou de Nós
O QUE FICOU DE NÓS DOIS: ÁL-BUUM DA FAMÍLIA
Nova Manhã
Para melhor a gente compreender
O que feriu sem parar e te levou Nenhum lugar e nada para falar O que ficou de nós dois Não faz sentido
Procurei
Não pensar Me tranquei, sem querer Num lugar que nem sei Solidão É distante demais Uma nova manhã E nem sei Quando virá Mas virá
Era melhor a gente não conhecer
O que passou a chamar felicidade Nenhum lugar e nada para falar Do que ficou de nós dois Pela cidade
Procurei
Não pensar Me tranquei, sem querer Num lugar que nem sei Solidão É distante demais Uma nova manhã E nem sei Quando virá Mas virá
Já não tem mais jeito
Perdi a razão Tudo novo corpo livre e sem sono É como o silêncio Que veio morar Nesse quarto Corpo livre e sem sono
Composição: Flávio Venturini, Vermelho e Tavinho Moura
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E-mail: Caro senhor retratista, gostaria que o álbum de família tivesse as seguintes características (as fotos entregues já contêm as indicações):
1. origem remota: avôs e avós;
2. origem próxima: pai e mãe;
3. infância (até sete anos);
4. juventude (07 a 23);
5. formatura (book);
6. buscando ocupação no mercado de trabalho (23 a 25);
7. casamento (30);
8. vida feliz (até 35);
9. divórcio (42);
10. disputa dos filhos (43);
11. visitação no tempinho de nada que aquela ordinária me destinou;
12. filho e filhas se formam;
13. casamento dele e delas;
14. namorado da ex (aquela idiota me forçou a colocar, diz que é bom para as crianças);
15. minhas namoradas;
16. netos e netas (que gracinhas, puxaram a mim);
17. 5.0 e 6.0 (pôrra, quem é esse velho? Reparei que as pessoas de mesma idade que eu ficaram velhas pra caramba!);
18. 6.5 (nem acredito; a única satisfação é que a velha ex está caindo aos pedaços – meu Deus, se eu tivesse ficado com ela...);
19. netos e netas se formam;
20. 7.0 (ui, essas dores tão me matando, juro que nunca mais nasço de novo).
Acho que de “nós”, mesmo, foi pouco que sobrou, parece mais encontro casual, como diz o povo, foi mais “topar”, esse “ficar” jovem um pouco mais dilatado. Papai e mamãe não passaram por isso, no máximo e no final ele e ela ficavam grunhindo um para o outro, fora aquela vez que ela acidentalmente escapou de cravar a faca na mão dele, tirou sangue quase nenhum, e aquela outra em que ela tropeçou na casca de banana no chão molhado, coisa pouca. Agora estou lembrando a vez que o lado dele na cama começou a queimar com a vela caída e da outra em que ele bateu com o carro do lado dela, felizmente ninguém se feriu. Há, lembrei também da vez que ela trocou o açúcar pelo sal quando ele foi tomar café; por puro azar dias depois ela teve um piriri que durou três semanas, acho que comeu algo estragado.
Felicidade era aquilo.
Ai, ai. Que saudades...
Serra, quarta-feira, 15 de agosto de 2012.
José Augusto Gava.
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