Piratareta
O Brasil foi tão longe, no ramo das
indecências e das sacanagens, que foi preciso procurar palavras novas capazes
de expressar o aperfeiçoamento das instituições nacionais.
Por princípio as empresas não
toleram a presença do governo nas coisas essenciais, exceto se for para
beneficiar repassando os tributos coletados ao povo, visando entregá-lo aos
empresários via guerras fiscais, benefícios fiscais, favorecimentos fiscais,
sonegação tolerada, incentivos fiscais, vistas grossas fiscais, investimentos
de bancos de desenvolvimento e tudo isso que passa o do povo às elites a preços
de banana podre.
Neste caso foi picareta + pirata,
dando em piratareta ou picarerata.
O governo, querendo ajudar os
empresários nas tarefas árduas a que se propõem no sentido de tirar tudo que
pode ser tirado do povo (aliás, está na Bíblia: “ao que tem tudo lhe será dado
e do que não tem mesmo o que tem será tirado”) investiu pesado.
Porque as bandalheiras estavam
constantemente sendo aprofundadas, atingindo novos níveis de sofisticação e
finura, mormente em Brasília, onde eles recebiam ajuda do Congresso.
Até lançaram o carnaval fora de
época com esse mesmo nome, em vez do já batido Micareta.
PICARETA
DOS PIRATAS
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Era uma delícia.
O país cristão era obrigado a fazer
tudo às escondidas.
O chato era isso.
Por quê não fazer tudo às claras? Se
quase todo mundo fazia, por quê a minoria vencia a maioria? Não seria
preferível fazer tudo às vistas de todo mundo? Com isso não se teria desconforto,
palpitações, soluços devidos à pressa, inquietação, taquicardia – esse tipo de
aborrecimento.
Para quê hipocrisia?
Por quê lavar roupa suja em casa?
Vamos botar lavanderias públicas
para lavar todas as sujeiras brasileiras. O governo é assim, escancara mesmo no
sentido de desocultar as coisas ocultas, pois disse Jesus que tudo que fosse
escondido seria trazido a público: não devemos seguir a Bíblia?
Mais e mais gente achava que era
preciso mostrar as sujeiras pátrias.
Serra, sexta-feira, 06 de julho de
2012.
José Augusto Gava.
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