Saturday, September 21, 2013

Desarvorados (da série Conto N'Ato)

Desarvorados

Nessa obra de FdC, ficção dita científica, o ano era 2012 e a humanidade passava por tremenda penúria arboral, de árvores, havendo centenas de famílias sem uma só delas, sem uma que fosse, nem mesmo no alto dos prédios, lá no terraço.
AS CIDADES DAQUI

AS CIDADES NESSE ANO FICTÍCIO

A menos que descessem ao nível da rua aqueles pobres coitados, aqueles miseráveis-de-árvores não podiam ver ou tocar sequer uma delas. Isso foi o que achei mais cruel e despropositado nessa ficção: você já pensou em crianças vivendo em tais condições? Tive pesadelo por semanas. Claro, o objetivo do autor e da autora era mesmo o de provocar revolta e pânico, para nos prevenir quanto a possíveis desvios de nossa própria civilização que “ama tanto” as árvores, mas não as valoriza na realidade, na prática mesmo. Não tanto quanto deveria.
Acho que o susto valeu, porque depois foram tomadas muitas providências protetoras. Famílias ficaram revoltadas com o livro e mais ainda quando ele foi transformado em filme. Pessoas vomitavam, pais e mães proibiam terminantemente os filhos e as meninas de freqüentarem as salas de cinema, houve inclusive tumultos, as pessoas queriam bater nos cinegrafistas.
Inclusive porque no filme apareceu uma entidade revolucionária denominada MSA Movimento dos Sem-Árvores, os desarvorados, os que não tinham árvores e a tranqüilidade civilizatória. Inclusive as personagens eram muito cruéis, cortavam árvores, podavam mal, davam machadadas nelas (tudo virtual, claro, quem pensaria em fazer de verdade?), arg, tocavam fogo! Punham fogo em grandes “queimadas” em que milhares e milhares de amigas eram destruídas de uma vez só, era revoltante, eu mesmo joguei um copo na tela e olhe que sou juiz. Infelizmente não me contive, era um exemplo ruim para a juventude, mas a revolta foi grande, enorme.
AS LINDAS ÁRVORES IRMÃZINHAS NOSSAS

De onde vem essa crueldade de expor nossas crianças?
Viam-se no filme cidades imensas com prédios gigantescos sem uma árvore, com talvez milhares, dezenas de milhares de prédios e aquelas ruas compridíssimas, umas poucas árvores raquíticas, era de doer o coração! E as multidões revolucionárias dos Desarvorados marchando, pleiteando o plantio de árvores, foi assustador, a ponto de o governo mundial colocar moratória na realização desse tipo de filme (e livro), realmente foi afrontoso. Exercer o poder de censura não é bom, mas a alternativa seria pior.
Serra, segunda-feira, 12 de novembro de 2012.
José Augusto Gava.

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