De Salto Alto (da série Conto N'Ato)

De Salto Alto

De vez em quando um audacioso montado na mais recente tecnociência decide descer de perto do céu até os mortais andando em terra.

AUDÁCIAS SALTITANTES

Vou ou não vou?	A luz da fama (será que mamãe vai me aplaudir se eu falhar?)
Se algo der errado espero que a ambulância esteja lá embaixo.	Mulheres se preparando.

Alguns pulam de aviões a 30 ou 40 km de altura, mais do que o triplo ou mais que o quádruplo do Everest (menos de 9,0 mil metros de altura), claro que com aparelhos de oxigênio, pois de outro modo não poderiam respirar; nem sobreviveriam ao frio intenso se não estivessem protegidos, encapsulados em verdadeiras roupas espaciais (são astronautas em vôo, puxados pela gravidade em aceleração constante até certo limite).

AS ROUPAS DOS SALTADORES

Em teoria está tudo bem.	Será que ainda dá para voltar?
Será que vai abrir? Eu não trouxe a pazinha. Esse menino apronta cada uma...	Sábado, se der folga, vou de novo.

Quem é que está saltando?

É o indivíduo?

É, de fato é, mas não só.

Foi isso (entre tantos outros aportes) que o modelo pirâmide mostrou de distintivo.

UM GRANDE SALTO PARA A HUMANIDADE (a tecnociência é avançada, essa que envolve, que envelopa o indivíduo em proteções sucessivas; não é mais o poder isolado dos primórdios)

FRAÇÃO	QUEM SALTA
PESSOAL	indivíduo
	família
	grupo
	empresa
AMBIENTAL	cidade-município
	estado
	nação
	mundo

Em tudo que cada indivíduo faz é ele que faz, mas os conjuntos estão envolvidos, pois ele não poderia como primeiro indivíduo Cro-magnon andar de navio, saltar de pára-quedas, ser empurrado pelo avião, vestir roupas, consumir remédios ou fazer um único, dentre esses bilhões de coisas que diariamente fazemos.

O indivíduo salta, mas a humanidade toda salta com ele. Ou quando sobe uma montanha ou desce às fossas abissais ou desce em minas ou vai à Lua ou enfrenta as condições metalúrgicas de calor extremo, etc., a humanidade está junto.

Serra, sexta-feira, 23 de novembro de 2012.

José Augusto Gava.