Relatórios de Vendas
Uma firma estrangeira.
Intocável, parece.
Por quê não pode ser tocada?
Não sei, não faço a mínima ideia, mas toda vez que tentavam investigá-la ou bloquear suas revelações, vinha sempre uma “ordem de cima” de parar, e os repórteres paravam mesmo; ou os investigadores dos que eram retratados.
Que poder é esse eu não sei.
O fato é que saiu em forma de revista, sem chamar muito a atenção e até revista barata em papel jornal. Um comprou, outro, foi propagando, porque as denúncias eram verdadeiras mesmo. Contava o caso de um deputado que tinha vendido informações confidenciais a certa empresa, dava datas, conta no paraíso fiscal, o vendedor e o comprador, quanto tinha “rolado”, o que tinha sido transacionado, era incrível, o sujeitinho vagabundo esperneava, mas não tinha escapatória.
O Ministério Público ia investigar, batata.
Quem tinha aceitado 10, 20, 30 % ou mais como desvio de obras públicas, o povo se divertia, as elites ficavam iradas, MUITO iradas, promoviam debates, faziam CPI, prefeitos enlouquecidos, governadores, presidente, um horror. Tudinho, tudinho, até o último detalhe. O general que tinha aceitado tantos milhões de dólares para favorecer a compra dos caças. O ministro que abriu concessões para TV e encheu os cofres (dele, não do governo). O senador. Os jornalistas que cederam matérias do pré-cal.
Tudo “relatórios de vendas”, de quem tinha vendido a mãe-pátria e entregue, quem nem tinha entregado. Uma vez por mês, segunda terça-feira, lá estava ela novinha, cheirando a tinta como era antigamente, aquele cheiro gostoso. Foram ao distribuidor ver se descobriam a fonte, mas de cada vez era entregue de um jeito.
Vendas, vendas, vendas.
Todos os desavergonhados vende-pátria.
Durou três anos e como veio foi, sumiu, nunca mais deu as caras, ficamos na saudade. Pergunte se alguém vende, empresta ou dá algum número? Nunquinha! No máximo deixam xerocar e assim mesmo ficando junto. Foi muita gente presa, um tanto fugiu, de alguns conseguiram recuperar os recursos. Balançou mesmo.
Relatórios de vendas.
Afinal de contas, era nosso país que estava sendo vendido.
Os bandidos que não foram presos estão foi aí, vivendo com o que é nosso, os desavergonhados.
Serra, sexta-feira, 12 de julho de 2013.
José Augusto Gava.
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