Sunday, September 29, 2013

Assembleia dos Deuses II (da série Já que Conto)

Assembléia dos Deuses II

Havia um bando de jornalistas (naturalmente, deuses também) cobrindo os eventos. Na realidade, mais que um, mais ou menos uns 800 mil formando bandos e sub-bandos na chamada Divina Mídia (TV divina, Rádio divino, Revista divina, Internet divina que corria da vários bilhões de mega em banda ultra-ultra-ultra larga, tudo 4D, espaço + tempo; Jornal divino, Livro-Editoria divina, Cinema divino e a divina fofoca, quem poderia passar sem isso).
Eis o que eles apuraram e apresentaram ao chefe presumido dos outros deuses-jornalistas (eram jornalistas que se julgavam deuses).
O COMITÊ CENTRAL, A SUPREMA DIRETORIA, A TRIMURTI, O GOVERNO DOS DEUSES
EXECUTIVO
LEGISLATIVO
JUDICIÁRIO
Brahma
Shiva
Vishnu
criação
destruição
conservação
as várias cabeças referem-se a essa tonelada de ministros vagabundos
pode reparar que está cheio de minhoca na cabeça
apaziguamento com a direita, porrete na esquerda

Depois foi a vez de “tirar comissões”. Daqueles dois bilhões de anos que duraram os trabalhos apenas 800 milhões foram, contra as más línguas, usados para conseguir dos 360 milhões de deuses o “fechamento das comissões”.
Quanto à direção dos trabalhos, nem se pode falar de dirigismo, acontecendo a técnica usual dos sindicatos (porque seria diferente com o Sindicato dos Deuses?) de a diretoria decidir o que queria e orientar os diretores menores para a falação, inscrevendo-se um para “abrir os trabalhos”, “puxar as falações”, outro depois de alguns da platéia, mais um diretor e assim por diante, um diretor sempre fechando para concluir. Com as devidas manipulações daqui e dali só muito raramente não se aprovava aquilo que a diretoria queria. Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é bobo ou não entende da arte.
Com isso conseguiram aprovar 2.250.713 comissões, quase tanto quanto nas reuniões do PT. Uma delas cuidaria da intenção dos hindus de aumentarem o número de deuses conforme a população fosse crescendo, havendo uma defasagem entre os 360 milhões de deuses os 1.200 milhões de hindus. Os deuses estavam resistentes PORQUE seria quase como cada qual ser um anjo de guarda, dia e noite cuidando das besteiras dos humanos.
Pressa, já disse, não havia, porque os hindus-baianos-maçons iam muito além e muito acima do nível três, mestre, Dorival Caymmi, o quarto nível Paulinho, o que havia além disso sendo um pouco nebuloso, chegando segundo alguns a improváveis 33 graus, é o que se especula.
OS GRAUS BAIANOS (toda aquela malemolência vem de muito alto, pode acreditar, todo aquele gingado - a MPB, Música Prapular Baiana, meu rei, vem de cima). Alguns, mais atrevidos, dizem que chega a inimagináveis graus de vodka.

Quem ousa pensar nessas coisas diz que no grau trinta e três os baianos viram montanhas, todas essas que estão por aí vindo de muito longe e de muita paciência, mais apurada que a necessária para esperar cerveja gelada em bar lotado.
Se fosse contar tudo que aconteceu nessa reunião dos deuses não caberia nem em Ecabytes.
A “todo instante” queriam interromper, a cada sete milhões de anos, a coisa toda não rendia. Muita falação, muito tititi, um horror, grupinhos, ninguém ficou cuidando de ACM, ele aprontou um pouco. O fato é que, dizem os detratores, sem tutela dos deuses a Índia começou a progredir e deu saltos notáveis.
Gente do contra.
Serra, quarta-feira, 17 de outubro de 2012.
José Augusto Gava.

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