Saturday, September 28, 2013

Posso Fazer uma Pergunta? (da série Conto N'Ato)

Posso Fazer uma Pergunta?

Os americanos iniciam as conversas assim.

- Posso fazer uma pergunta?
- Duas.
- Como?
- Três.
- O quê?
- Quatro.
- Não, estou querendo saber algo de você, então peço a sua permissão: posso fazer uma pergunta?
- Cinco.
- Você vai continuar com isso?
- Seis.
- Desse jeito será que vamos conseguir conversar?
- Sete.
PERGUNTA VAI, PERGUNTA VEM (no Reino das Perguntas e das Respostas a Rainha é a maior das perguntas e o Rei é o maior dos esclarecimentos)
Cê não vai poder jogar bola, né?
Na festa: como se constrói o IPCA-DP?

Tem a Pergunta que Não Quer Calar, ela fala o tempo inteiro, não cala a boca de jeito nenhum, é uma chatice.
Há as Perguntas sem Esclarecimentos, que ficaram solteiras, ficaram pra titias e estão oficialmente encalhadas.
Há as Perguntas Embaraçosas que ficam fuçando as vidas alheias, são tremendamente indiscretas, abusadas mesmo.
Há as Perguntas que Não se Faz, aquelas que são evitadas, seja por que meio for, e nunca vem à luz, ficam na penumbra.
Há as Perguntas Impróprias cuja falação só os BEM MAIORES de idade podem ouvir, falam muitos palavrões, parece até que tem aquela síndrome, a de Tourette, SGT, coisa horrorosa, sinto uma vergonha...
Há as Perguntas Indecorosas das quais nem é bom falar, coisa sexual de debaixo dos panos, há crianças na sala.
Há as Perguntas Impertinentes, ranhetas, ranzinzas, rabugentas, já bem velhinhas, que nem deveriam mais vir pras festas de família.
Há as Perguntas que Acompanham a Humanidade, que são acompanhantes, nome para você sabe o quê.
Há as Perguntas Muito Profundas, filósofas, sempre ensimesmadas, mergulhadas no silêncio, achando que vão encontrar os Esclarecimentos Finais, essa lenda urbana.
Enfim, como você já deve ter percebido, a família é bem grande, nem sei se alguém já tentou avaliar todos os membros dela, seria interessante elaborar a bico de pena os retratos, ou caricaturas mostrando o que se destaca em cada uma.
Serra, quarta-feira, 31 de outubro de 2012.
José Augusto Gava.

No comments: