Sunday, September 08, 2013

Projeto Escrava do Lar (da série Ah Se Eu Te Conto)

Projeto Escrava do Lar

Neste mundo alternativo, sob domínio dos homens (que, naturalmente, não tinham conceito de “homens” e sexualidade, era tudo mais fácil, os bebês davam em árvores, eram depositados em ninhos, cresciam ali até os sete anos e eram então matriculados nas escolas), havia coisas boas e coisas ruins.
Mesmo sem esses sete anos iniciais precisavam educar as crianças, era necessário arrumar a casa e havia um punhado de tarefas enjoadíssimas, de modo que os homens se reuniram em debate universal sobre o que fazer nessas condições adversas. Papo vai, papo vem, alguma brilhante cabeça sugeriu criar um robô (numa das línguas deles, tcheco, “escravo”, trabalhador, qualquer semelhança é pura implicância) diferente dos homens, chamado “mulher” (por quê esse nome, não sei) que pudesse assumir tais quefazeres, uma por lar. E aí, já que haveria essa criatura, a tarefa de criação do nascimento à entrega à escola aos sete também seria assumida por elas. MAIS, decidiu-se que essas robôs gestariam as crianças, pois assim os ovos ficariam mais protegidos.
AS TAREFAS ENJOADAS (você mesmo busque)
CONFECÇÃO DOS BEBÊS

CUIDAR ATÉ OS SETE ANOS

CUIDAR DO LAR

ACOMPANHAR ATÉ OS 21 ANOS

PREOCUPAR-SE O RESTO DA VIDA

VIGIAR AS OUTRAS ROBÔS


CUIDAR DO LAR ERA UMA TRABALHEIRA
LAVAR

PASSAR

COZINHAR

LIMPAR


Até aí, tudo bem, não era muita coisa.
E por quê pouca coisa?
Afinal, “escrava do lar” pressupõe o compromisso com a escravidão e o lar. Alguém sugeriu: “e quanto a trabalhar fora?” Poderia ajudar a aliviar nossa pesadíssima carga de trabalho. Êêêêêê, aplausos gerais. A platéia vibrou, afinal um dinheirinho a mais não só ajudava como também permitia algumas extravagâncias.
Até que alguém falou: e quanto a sexo?
NÃO É QUE FICARAM BONITINHAS?

Serra, quarta-feira, 12 de dezembro de 2012.
José Augusto Gava.

No comments: