Terror Diário
Tem gente pra tudo no mundo.
Esse cara decidiu colocar um jornal, diário, sobre tudo de ruim que acontecia no mundo “que ele podia alcançar”: governantes do Executivo, juízes do Judiciário, políticos do Legislativo que roubavam. Mães que batiam nos filhos, homens que batiam nas mulheres, todos que tratavam mal os idosos. Péssimo atendimento em repartições. Guerras sadias até, veja só, ele não respeitava nada. Venda de armas. Desvios de verbas enviadas para alimentar os famintos. Empresários sonegadores, fiscais corruptos, cartolas ordinários que embolsavam dos times.
E quem julgava o que era “terror”?
Ele mesmo!
Pessoas que colocavam fogo em matas, agentes da FUNAI que tratavam mal os índios, empresas que derramavam poluentes em rios, navios de quaisquer bandeiras (inclusive dos nossos amigos) a derramar petróleo no mar, expulsão de gases na atmosfera, a pirataria chinesa, o consumismo americano, o destrato muçulmano com as mulheres de lá, os produtos de péssima qualidade vendidos pelas empresas, as condições insalubres a que eram submetidos os operários.
Tudo, tudinho mesmo.
Tudo “terror”, onde já se viu?
Eu, hem?
As filas imensas nos bancos e a demora de atendimento, “terror”.
Os ônibus em superlotação, “terror”; os quebra-molas que os faziam pular o tempo todo, “terror”; as condições deploráveis das estradas, “terror”, tudo era terror, não se podia mais viver.
Vai pra merda.
E eu agüento isso?
Lixo às margens das estradas, gritaria dos vizinhos, gente tocando música alta em celulares nos ônibus, as lutas por água na África com tanto esbanjamento no Brasil, de onde esse bosta tirava tanta notícia? Superfaturamento na Terceira Ponte na questão do pedágio, com a ponte já paga há muito tempo - lá vinha ele como aquilo de “terror”. Ninguém podia mais trabalhar. Propinas, material de terceira nas praças, mutretas, mutretas, mutretas. Colocou o nome de MUITOS do PT (que chamou de “perda total”), isso foi o que me deixou mais injuriado.
Gente que grilava terras do governo ou dos índios, venda de informações ao estrangeiro, escândalos, escândalos, escândalos por toda parte. Temi por minha família. Tanta coisa ruim.
Acharam-no morto no meio dos eucaliptos ali no desovatório da rodovia Audiofax, entre Serra-Sede e Jacaraípe. Eu sei que não fui, sou religioso. Foi alguém, ninguém sabe quem, mas que todo mundo ficou aliviado, isso ficou mesmo. Quer dizer, quase todos, têm uns santarrões por aí.
Serra, terça-feira, 09 de julho de 2013.
José Augusto Gava.
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