Friday, November 29, 2013

Flocos de Neve (da série Cometários)


Flocos de Neve

 

São bonitos, os flocos de neve.

Da Árvore do Conhecimento a gente sabe que não há dois iguais, pelo menos é o que dizem os tecnocientistas que vêm pesquisando e fotografando em 3D há muito tempo. As simetrias são distintas, é maravilhoso vê-los.

Sair fora dos edifícios e vê-los cair do céu é fantástico.

Será que os antigos davam essa importância, gente de 300 ou 400 anos atrás? O mundo mudou muito, quem sabe o que pensava aquela gente? Aqui no Espírito Santo, uma área amena onde a temperatura sequer atinge os 10 graus negativos, mal vemos um metro e meio de neve no auge do inverno. Como era quando aqui não havia neve?

Já faz 250 anos que o mundo começou a esfriar, e tanto, que o Oceano Pacífico passou de 350 a 60 milhões de km2, o Atlântico chegou a 20, o Índico virou uma poça, o Mediterrâneo gelou nos baixios e daí começou a encher a ponto de a neve chegar à sua antiga altura e continuar subindo. As pontes de gelo no Alaska e na Argentina, as pontes de terra na Austrália e Nova Zelândia e em toda parte criaram os tremendos acréscimos de solo, as barranqueiras desde então cobertas parcialmente de matas decíduas. Sem as centenas de metros de gelo sobrou só essa faixa de terra do México à Indonésia, passando pelo Brasil.

É incrível, quem poderiam imaginar que só teríamos hoje 1/100 da população de antigamente? Quem pensaria que reduziríamos de 10 bilhões a 100 milhões? Como a Terra podia sustentar tantos bilhões antes?

Como era aquele mundo?

Pouco mais de 350 anos desde quando o planeta começou a esquentar e as águas subiram. Depois desceram desastrosamente, os gelos chegaram ao norte do Texas nos antigos EUA e a São Paulo, no Brasil.

Bilhões morreram na Terra.

Uns poucos milhões nasceram no espaço e foram colonizar a Nuvem Cometária de Öort, trazendo os cometas de lá. É bonito vê-los frear nos planetas gasosos, esquentar, aumentar de tamanho com as nuvens, ser captado seu calor de frenagem pelos mega-robôs, passando depois a orbitar os jovinianos. São milhares em torno de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, sem falar das centenas de mundos do Cinturão de Kuiper que foram trazidos, demorando gerações, 30 ou 60 anos de cuidadosas operações.

Encaixá-los nas janelas orbitais planetárias foi mesmo incrível, inclusive em volta dos terrestróides em Marte (2), na Terra (7), em Vênus (12), em Mercúrio (4) e até no Cinturão de Asteróides, sem falar nos novos planetas orbitantes do Sol, belos mundos novos que foram polvilhados com o ADRN de milhares de espécies preservadas durante a Bola de Gelo da Terra. Nos jovinianos nem sei quantos são.

Que coisa!

Quem poderia imaginar?

O mundo mudou demais.

Vastas multidões de novos-seres trafegam por toda parte, super-atarefados na remodelação dos mundos. Os humanos de carne e osso somos poucos, 150 milhões, mesmo com a re-arquiengenharia mental e a expansão subseqüente. Voltamos, em termos populacionais, à época antes de Cristo.

Quanto aos seres-novos, são trilhões, um enxame inexaurível pululando em toda parte do sistema solar até a NCO, até Öort. Em número a humanidade declinou, mas em descendência foi muito além, multiplicou o antigo número por 100 e chega agora a mais de 10 trilhões em permanente comunicação.

Semana que vem falarei da crio-escavação nas altas latitudes, antigas cidades do Canadá, da Grã-Bretanha e restante da Europa, da antiga Rússia, do antigo Estados Unidos, do Paraguai e do Chile, da China, do Japão e de tantos lugares. A arqueologia no gelo prossegue literalmente a todo vapor, confirmando inteiramente as antigas fotos e filmes 2D.

Uma quantidade incrível de objetos vem sendo resgatada e recuperada para envio aos saudosistas de todo o sistema, que pagam fortunas por cada uma das peças.

Falarei também dos lugares remanescentes da Terra, onde existem tantos mosteiros para recolhimento de devotos de milhares de mundos habitados.
Serra, sexta-feira, 26 de agosto de 2011.

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