O
Bom Selvagem ou a Reforma de Rousseau
EIS
COMO COMEÇOU ESSA VERSÃO ATÉ CHEGAR A ROUSSEAU
Bom selvagem
Origem:
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Detalhe do quadro
histórico neoclássico The
Death of General Wolfe (1771), retratando um índio norte-americano
idealizado.
O bom
selvagem ou mito do bom selvagem é um lugar comum ou tópico literário na literatura e no pensamento europeu da Idade Moderna, que nasce com o contato com as
populações indígenas da América.
O descobrimento do outro
Desde o
famoso texto de Cristóvão Colombo
em que diz haver chegado ao paraíso terreno, a imaginação tratou de atribuir
todo tipo de bondades ingênuas aos indígenas (os naturais, como os chamavam
nos documentos espanhóis da época). A isto também contribuiu em grande parte Bartolomé de las
Casas com seu Brevísima Relación de la Destrucción de las
Indias. O papel de parte do clero, de teólogos como os da
Escola
de Salamanca e dos próprios reis pode ver-se na convocatória da Junta
de Burgos e a Junta
de Valladolid, que discutiam sobre a natureza e a justificação da
conquista e a exploração econômica da América (polêmica dos justos títulos
ou da guerra aos naturais) e o corpo legislativo das leis
das Índias. A Fábula
Negra ampliou por toda a Europa a visão positiva de seres humanos
em estado de natureza
mortificados pelos abjetos espanhóis, que resumiriam todos os vícios e
degenerações do homem civilizado.
A extensão do mito
As utopias do século XVI (Erasmo de Rotterdam,
Elogio da Locura; Tomás Moro, Utopia) e obras como a de Baltasar Gracián
(El
Criticón) no século XVII, levam à definitiva discussão da
natureza humana como má por natureza (Leviathan de Hobbes) ou boa por natureza, como pretendeu o Iluminismo (Locke e sobretudo Rousseau),
que volta a descobrir exemplos de bons salvagens nas ilhas do Pacífico (tropicais e paradisíacas como as Antilhas, com indígenas nus de fácil trato e
natureza pródiga) que descrevem viajantes como James Cook e produzem histórias como a do motim do Bounty.
Também
contribuiu à extensão do uso do conceito o descobrimento das crianças
salvagens ou crianças selvagens
(Victor de Aveyron
e Kaspar Hauser), que por sua vez tiveram
tratamento literário e cinematográfico, por si mesmos ou como inspiração. O
tema aparece em conjunção com o exotismo dos povos extraeuropeus em O livro da selva ou Tarzan.
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VENDO
ASSIM (foi um
jeito que achei de comparar faixas vitais)
QUEM
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FAIXA
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ANOS ENTRE DATAS
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MÉDIA DE VIDA
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Rousseau, filósofo francês
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1712 - 1778
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66
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1745
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Gauss, matemático alemão
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1777 - 1855
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78
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1816
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DIFERENÇA
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71
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Gauss mostrou ao mundo a Curva do
Sino.
POR
QUEM DOBRAM OS SINOS
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ESQUERDA
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DIREITA
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Os sinos batem metade das vezes à
esquerda e metade à direita, indicando os pares polares oposto-complementares e
os ciclos.
As pessoas não viam (há uma
diferença de sete décadas entre os meios-de-vida de Rousseau e Gauss; Rousseau
morreu apenas um ano depois de Gauss nascer – mas de nada adiantaria Rousseau
conhecer a Distribuição Normal, pois as pessoas não prestam atenção, mesmo
quase 200 anos depois da morte de Gauss), como ainda não veem: o mundo tanto é
bom quanto é mau, as pessoas comportam mal e bem; tanto os ocidentais quanto os
orientais, tanto judeus quanto não-judeus, tanto muslims quanto não-muslims.
Havia bons selvagens, claro, como
havia selvagens maus – Rousseau viu o que quis ver, enxergou o que desejava
enxergar, assim como qualquer um de nós faz. A gente ESPOSA opiniões e chega
aos conceitos por meio dos pré-conceitos.
Ele poderia ter pensado (sem Curva
do Sino) que as pessoas tanto podem ser boas quanto más, como hoje acontece.
Nada garante que ser selvagem vá
fazer uma pessoa ser boa. Nada garante que ser civilizado vá trazer junto a
bondade, pois tanto o lado bom quanto o lado ruim do dicionário SÃO EXERCÍCIOS,
são escolhas, devem ser praticados.
Serra, domingo, 14 de
agosto de 2011.
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