Nanociência
Em seu livro Nanociência (A revolução
do invisível), Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2009 (sobre original de 2008), os
autores Christian Joachim e Laurence Plévert dizem nas páginas 26 e 27:
1. “A realidade é
outra, pois se esse discurso [de Feynman em 1959] precedeu os sucessos das
nanotecnologias, não os engendrou, sequer influenciou”;
2. “Nos anos
seguintes, suas afirmações não tiveram maior impacto, caindo no esquecimento”;
3. “Esse discurso de
Feynman só se tornou conhecido a partir dos anos 1990, quando Eric Drexler
exumou-o a fim de utilizá-lo como apoio para suas próprias ideias”;
4. “Feynman não previu
o advento da nanotecnologia, como muitas vezes se escreve”.
Não sabia disso. Pela propaganda tinha como
certeza ter Richard Feynman (americano, 1918 a 1988, 70 anos entre datas)
estado na origem. Parece que ele apenas chamou atenção dizendo “Há muito espaço
lá embaixo” no tal discurso de 1959.
É bom conhecer os fatos ou pelo menos uma
das interpretações, mas é desairoso subtrair prestígio a um colega, daí eu ter
usado o prefixo nano (do grego, nannos, anão) para compor, com ciência,
nanociência, ciência-anã, referindo-me a essa ciumeira - relativa a quem
produziu ou não tal ou qual ideia - que tão está deselegantemente lavrando em
toda parte, inclusive no Brasil e no Espírito Santo na UFES. É muito triste.
Como disse Fernando Pessoa e não canso de
citar, “tudo é grande quando a mente não é pequena” (ou, como coloquei várias
vezes, tudo é pequeno quando a mente não é grande).
Pouco importa se Feynman não esteve na
invenção do microscópio de tunelamento em 1981, se não participou ativamente
das buscas que levaram às nano-aplicações. Ele disse, não disse? Com o
prestígio dele chamou atenção de alguns, não chamou? É quanto basta. A vida
passa com celeridade tão grande, há tanto a fazer que as pessoas não deveriam
tomar o dos outros nem se ater a detalhes.
Serra, segunda-feira, 11 de outubro de
2010.
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