Sunday, December 15, 2013

A Natureza de Silas e a Caverna de Yuki (da série Material Sensível, grupo MCES Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens)


A Natureza de Silas e a Caverna de Yuki

 

Silas, o labrador de 70 dias de meu filho é impulsivo e morde nossas pernas e braços, mas não das mulheres, Neném que nos ajuda na limpeza e minha filha.

Morde só quando estamos passando pela casa, porém não quando estou sentado digitando no teclado do computador ou meu filho jogando.

Creio que para ele somos como os cachorros da matilha, com o pelo grosso e cheio de pelos; evidentemente não sabe que nossa pele é fina e com isso ficamos cheios de feridas. Para ele é só brincadeira, chamar atenção dos machos adultos, os guerreiros da caverna. É participativo, ele quer ser aceito, quer mostrar que tem utilidade, que não é um peso morto, que não é um inútil. Como qualquer adolescente humano, quer se sentir adulto, respeitado, aceito no grupo dos guerreiros.

Já Yuki é distante e aparentemente fria.

Muito controlada.

Como os gatos (e os cachorros de boca pequena, no Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens) foram treinados pelas mulheres e elas estavam ocupadas o tempo todo com filhos, com coleta, com lavar as roupas, com limpar o terreirão, com milhares de tarefas não podiam dar atenção aos animais, de forma que é de esperar que eles fossem independentes, alimentando-se por conta própria, sem contar com ajuda externa.

Em resumo, cada grupo adotou as características mentais de seu dominante: os cachorros de boca grande as dos homens caçadores e os gatos e cachorros de boca pequena as das mulheres. Cada qual se aproximou dos trejeitos de suas serventias, adotou suas almas, seus modos de ser.

Os animais não são domésticos só no sentido de estarem juntos das casas, adotam parte das nossas peculiaridades, respondendo a elas, construindo uma interface de comunicação e co-habitação.

O mesmo deve se dar com os seres humanos, que são mais complexos: adotamos máscaras-de-cohabitação.

Assim, em relação a Silas deveríamos usar botas compridas assemelhadas aos pelos dos cachorros de sua raça, inclusive com falsa pelagem também semelhante, de forma que ele pudesse morder à vontade sem nos causar danos, como aconteceria se fôssemos seus pais ou irmãos e irmãs.
Vitória, sexta-feira, 17 de março de 2006.

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