A
Natureza de Silas e a Caverna de Yuki
Silas, o labrador de 70 dias de meu
filho é impulsivo e morde nossas pernas e braços, mas não das mulheres, Neném
que nos ajuda na limpeza e minha filha.
Morde só quando estamos passando
pela casa, porém não quando estou sentado digitando no teclado do computador ou
meu filho jogando.
Creio que para ele somos como os
cachorros da matilha, com o pelo grosso e cheio de pelos; evidentemente não
sabe que nossa pele é fina e com isso ficamos cheios de feridas. Para ele é só
brincadeira, chamar atenção dos machos adultos, os guerreiros da caverna. É
participativo, ele quer ser aceito, quer mostrar que tem utilidade, que não é
um peso morto, que não é um inútil. Como qualquer adolescente humano, quer se
sentir adulto, respeitado, aceito no grupo dos guerreiros.
Já Yuki é distante e aparentemente
fria.
Muito controlada.
Como os gatos (e os cachorros de
boca pequena, no Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens) foram treinados
pelas mulheres e elas estavam ocupadas o tempo todo com filhos, com coleta, com
lavar as roupas, com limpar o terreirão, com milhares de tarefas não podiam dar
atenção aos animais, de forma que é de esperar que eles fossem independentes,
alimentando-se por conta própria, sem contar com ajuda externa.
Em resumo, cada grupo adotou as
características mentais de seu dominante: os cachorros de boca grande as dos
homens caçadores e os gatos e cachorros de boca pequena as das mulheres. Cada
qual se aproximou dos trejeitos de suas serventias, adotou suas almas, seus
modos de ser.
Os animais não são domésticos só no
sentido de estarem juntos das casas, adotam parte das nossas peculiaridades,
respondendo a elas, construindo uma interface de comunicação e co-habitação.
O mesmo deve se dar com os seres
humanos, que são mais complexos: adotamos máscaras-de-cohabitação.
Assim, em relação a Silas deveríamos
usar botas compridas assemelhadas aos pelos dos cachorros de sua raça,
inclusive com falsa pelagem também semelhante, de forma que ele pudesse morder
à vontade sem nos causar danos, como aconteceria se fôssemos seus pais ou
irmãos e irmãs.
Vitória, sexta-feira,
17 de março de 2006.
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