Alimentando
as Mulheres
Como meu pai e minha mãe receberam
em suas sucessivas casas (sempre alugadas, antes de 1963) 28 pessoas entre
irmãos e irmãs, sobrinhos e sobrinhas, parentes e estranhos, agora dei de levar
pequenas coisas para as moças e mulheres da repartição onde estou presentemente
trabalhando.
Não fosse o Modelo da Caverna para a
Expansão dos Sapiens (MCES) jamais teria reparado o estado de devoção delas por
esses pequenos gestos.
Olhando bem, elas ficavam o tempo
todo nas cavernas ou no terreirão defronte, nunca se afastando muito.
Dependiam do que chamei “grande
proteína”, porque a pequena, dos pequenos animais, elas obtinham em volta, não
propriamente para si, porque podiam se alimentar de ervas e raízes e viver
quase à míngua, mas para os queridinhos, os garotos que eram o centro da vida
tribal.
Assim, um homem que começasse a
levar comida para uma mulher específica - ou várias - praticamente estava se
casando com ela; ou elas.
Não existia casamento formal nem muito menos
monogamia e as mulheres (era a lógica: depender de um único depositante quando
o objetivo era estar permanentemente grávida seria absurdo) transavam com
qualquer um.
Não obstante, se o objetivo era
produzir queridinhos férteis e principalmente viris, que conseguissem levantar
o pênis, produzindo abundante esperma, evidentemente a alimentação carnívora estava
na ordem do dia.
Trazer alimentos para a mulher,
particularmente carnes, era financiar a produção de queridinhos, logo de
futuro, logo de projeção da mulher na comunidade. Elas não apenas se sentiam
protegidas como agradecidas, enchendo-se de calor de doação.
Não é a toa que dar caixa de bombons
é fatal: ela tem gordura em abundância e açúcar para reações rápidas.
Imagino que dar mel produza algo
assim.
Pode ser que dar açúcar antigamente
produzisse tal efeito e até que ele se conserve mesmo hoje.
E levar para jantar (em especial
carnes) as deixará completamente vulneráveis. Mas de modo nenhum a mulher
quererá pagar metade da conta ou mesmo uma parte: é como se ela tivesse de ir
caçar, substituir o homem, SER O HOMEM.
É o absurdo dos absurdos, mesmo nos
tempos atuais.
Mas o caminho da conquista não passa
por uma doação só, nem esporádica, deve ser contínua e prometer linha, tempo
futuro, não apenas presente.
Desse modo a conquista delas passa
fatalmente - para quem quer usar esse artifício – pelo fornecimento de
alimentos, pela alimentação. Já os homens (porque caçavam e a alimentação era
muito rude, carniça até, mas em geral caça tostada no fogo, carne endurecida e
coisas colhidas na pressa) são conquistados não “pela boca” e sim por comidas
cuidadas, é a Mulher geral que é dependente de variedade doada,
umas mais e outras menos na Curva do Sino. Porque é sinal de sexo, promessa de
sexo e produção de queridinhos.
Vitória, sábado, 26
de novembro de 2005.
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