Tuesday, December 17, 2013

A Super-Vivência das Menininhas (da série Material Sensível, grupo MCES Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens)


A Super-Vivência das Menininhas

 

Está ficando cada vez mais claro no Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens (MCES) que as menininhas estavam longe de ter vida fácil, pelo contrário, na seqüência menininhas-mulheres-mães estas últimas, que tinham as super-tarefas, consideravam as mulheres estorvos imprestáveis e desconsideravam as menininhas, por uma razão muito lógica.

As menininhas estavam destinadas a ser mães e deviam provar seu valor, principalmente sobrevivendo em condições muito difíceis, superdifíceis, constantemente difíceis.

Não tinham folga.

Logo que chegavam à condição de mulheres, isto é, das que transavam (com toda certeza havia controle de natalidade mesmo nos tempos mais antigos) e não tinham ainda filhos, eram desconsideradas para qualquer serventia, pois ficavam o tempo inteiro à procura dos depósitos de esperma.

As menininhas, enxotadas porque não transavam e não tinham ainda condições de ter filhos, não tendo ainda utilidade nenhuma, viviam à margem, comendo pelas beiradas e escondido, pegando um pedaço aqui e outro acolá, se alimentando de boca fechada para não dar a perceber [disso veio o costume de comer de boca fechada à mesa; isso não é dos homens, não faria o menor sentido na natureza, na caça].

As vidas delas não eram fáceis, mesmo ajudando a cuidar dos queridinhos pequenos, pois as mães tinham muitos filhos, pencas deles e só os queridinhos eram importantes. Estes eram mimados até os 15 anos e chegavam nessa idade ao topo da lista, “homenzinhos”: a partir daí caíam de primeiros da lista anterior para últimos da lista seguinte, últimos entre os guerreiros, vindo daí os rituais de passagem, quando tinham notícia dos futuros sofrimentos esperados.

Era um salto formidável, retratado na adolescência masculina, no estado de confusão geral. Ainda acho que esse salto queridinho-guerreiro é o fundamento de toda existência humana, mas a condição das menininhas deve ser focada com urgência pelos psicólogos. Elas desejavam a menstruação e simbolizavam a potência da libertação com as bonecas, os simulacros dos filhos, estes por sua vez simulacros dos homens adultos tão admirados, particularmente depois do cão e do cavalo.

As menininhas “cortavam um dobrado”, como diz o povo; sofriam e sofriam, especialmente quando menstruavam, porque podiam se tornar competidoras das mães (estas vigiavam, não fossem as menininhas transar com os guerreiros; toda simulação da idade adulta era vigiada e punida, isso de passar batom e tinturas, vestidos, saltos-altos e outras coisas).

Como vejo, as menininhas eram castigadas e desenvolveram um instinto de sobrevivência muito acentuado; as mães as tratavam assim porque sabiam como era exigente a condição de mãe, com todas as renúncias implícitas e o contínuo trabalho cíclico.

De fato, a vida na Caverna geral e no Terreirão geral não parece nada “modestinha” como nos ensinaram erradamente os tecnocientistas.

Era extremamente complicada e nem de longe a imagem simplória que nos passaram.

Vitória, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2007.

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