A
Super-Vivência das Menininhas
Está ficando cada vez mais claro no
Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens (MCES) que as menininhas estavam
longe de ter vida fácil, pelo contrário, na seqüência menininhas-mulheres-mães
estas últimas, que tinham as super-tarefas, consideravam as mulheres estorvos imprestáveis
e desconsideravam as menininhas, por uma razão muito lógica.
As menininhas estavam destinadas a
ser mães e deviam provar seu valor, principalmente sobrevivendo em condições
muito difíceis, superdifíceis, constantemente difíceis.
Não tinham folga.
Logo que chegavam à condição de
mulheres, isto é, das que transavam (com toda certeza havia controle de
natalidade mesmo nos tempos mais antigos) e não tinham ainda filhos, eram
desconsideradas para qualquer serventia, pois ficavam o tempo inteiro à procura
dos depósitos de esperma.
As menininhas, enxotadas porque não
transavam e não tinham ainda condições de ter filhos, não tendo ainda utilidade
nenhuma, viviam à margem, comendo pelas beiradas e escondido, pegando um pedaço
aqui e outro acolá, se alimentando de boca fechada para não dar a perceber
[disso veio o costume de comer de boca fechada à mesa; isso não é dos homens,
não faria o menor sentido na natureza, na caça].
As vidas delas não eram fáceis,
mesmo ajudando a cuidar dos queridinhos pequenos, pois as mães tinham muitos
filhos, pencas deles e só os queridinhos eram importantes. Estes eram mimados
até os 15 anos e chegavam nessa idade ao topo da lista, “homenzinhos”: a partir
daí caíam de primeiros da lista anterior para últimos da lista seguinte,
últimos entre os guerreiros, vindo daí os rituais de passagem, quando tinham
notícia dos futuros sofrimentos esperados.
Era um salto formidável, retratado
na adolescência masculina, no estado de confusão geral. Ainda acho que esse
salto queridinho-guerreiro é o fundamento de toda existência humana, mas a
condição das menininhas deve ser focada com urgência pelos psicólogos. Elas
desejavam a menstruação e simbolizavam a potência da libertação com as bonecas,
os simulacros dos filhos, estes por sua vez simulacros dos homens adultos tão
admirados, particularmente depois do cão e do cavalo.
As menininhas “cortavam um dobrado”,
como diz o povo; sofriam e sofriam, especialmente quando menstruavam, porque
podiam se tornar competidoras das mães (estas vigiavam, não fossem as
menininhas transar com os guerreiros; toda simulação da idade adulta era
vigiada e punida, isso de passar batom e tinturas, vestidos, saltos-altos e
outras coisas).
Como vejo, as menininhas eram
castigadas e desenvolveram um instinto de sobrevivência muito acentuado; as
mães as tratavam assim porque sabiam como era exigente a condição de mãe, com
todas as renúncias implícitas e o contínuo trabalho cíclico.
De fato, a vida na Caverna geral e no
Terreirão geral não parece nada “modestinha” como nos ensinaram erradamente os
tecnocientistas.
Era extremamente complicada e nem de
longe a imagem simplória que nos passaram.
Vitória, sexta-feira, 02 de
fevereiro de 2007.
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