A
Luz que me Ascende
É lógico que não posso ser aceso,
não sou lâmpada.
E também não sou santo para
ascender.
Contudo, há luz.
LUZES
FÍSICO-QUÍMICAS
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de estrelas, de outras fontes
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BIOLÓGICAS-P.2
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de vaga-lumes, de outros animais
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PSICOLÓGICAS-P.3
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de lâmpadas e de outras fontes
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Chamamos de “luz espiritual” aquela
que nos alegra, que nos faz vibrar, que nos emociona, que nos enleva.
Há livros tão bem escritos, filmes
tão bem feitos, poemas tão redondinhos e burilados, quadros tão perfeitos, tantas
emocionantes equações tecnocientíficas, demonstrações matemáticas tão sublimes,
comidas tão gostosas e cheirosas, fotos tão bem enquadradas e reveladoras e
tanta coisa brilhante e vibrante, que só nos falta voar.
Particularmente, sinto-me leve.
Ascendo.
Há coisas são bem-encaixadas,
verdades tão bem-postas, danças tão graciosas que a gente deixa de ter corpo,
quer dizer, deixa de notá-lo e volta à mente, a um vapor de consciência e
sentimento que vai direto do sólido ao que se desfaz no ar.
Esse momento é maravilhoso.
É tão raro que a gente arqueja.
É preciso o grande diretor de
cinema, o autor prosódico capaz dos altos vôos de consciência, o mestre cuca, o
escultor tarimbado, o músico dileto, enfim a sumidade capaz de obter aquele
casamento perfeito dos elementos, havendo do outro lado quem seja capaz de
perceber e usufruir. Muitas vezes ri sozinho nos cinemas e me deleitei com as
perfeições manifestas. E tanto aproveitei, e tantas vezes levitei.
Ah, que sentimento!
Como disse a Clarice Lispector em
outro contexto, é intransferível.
Não dá para contar.
Está em toda parte.
Quão felizes podemos ser?
Depende de apresentação, mas depende
também de nós.
Serra, quarta-feira, 24 de agosto de
2011.
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