Wednesday, November 27, 2013

A Luz que me Ascende (da série Cometários)


A Luz que me Ascende

 

É lógico que não posso ser aceso, não sou lâmpada.

E também não sou santo para ascender.

Contudo, há luz.

LUZES

FÍSICO-QUÍMICAS
de estrelas, de outras fontes
BIOLÓGICAS-P.2
de vaga-lumes, de outros animais
PSICOLÓGICAS-P.3
de lâmpadas e de outras fontes

Chamamos de “luz espiritual” aquela que nos alegra, que nos faz vibrar, que nos emociona, que nos enleva.

Há livros tão bem escritos, filmes tão bem feitos, poemas tão redondinhos e burilados, quadros tão perfeitos, tantas emocionantes equações tecnocientíficas, demonstrações matemáticas tão sublimes, comidas tão gostosas e cheirosas, fotos tão bem enquadradas e reveladoras e tanta coisa brilhante e vibrante, que só nos falta voar.

Particularmente, sinto-me leve.

Ascendo.

Há coisas são bem-encaixadas, verdades tão bem-postas, danças tão graciosas que a gente deixa de ter corpo, quer dizer, deixa de notá-lo e volta à mente, a um vapor de consciência e sentimento que vai direto do sólido ao que se desfaz no ar.

Esse momento é maravilhoso.

É tão raro que a gente arqueja.

É preciso o grande diretor de cinema, o autor prosódico capaz dos altos vôos de consciência, o mestre cuca, o escultor tarimbado, o músico dileto, enfim a sumidade capaz de obter aquele casamento perfeito dos elementos, havendo do outro lado quem seja capaz de perceber e usufruir. Muitas vezes ri sozinho nos cinemas e me deleitei com as perfeições manifestas. E tanto aproveitei, e tantas vezes levitei.

Ah, que sentimento!

Como disse a Clarice Lispector em outro contexto, é intransferível.

Não dá para contar.

Está em toda parte.

Quão felizes podemos ser?

Depende de apresentação, mas depende também de nós.

Serra, quarta-feira, 24 de agosto de 2011.

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