Wednesday, November 06, 2013

Aproximando-nos das Estrelas (da série Expresso 222..., Livro 6)


Aproximando-nos das Estrelas

 

                        Num programa de ontem no Discovery (canal 51 da EscelsaNet), denominado Hiperespaço, com Sam Neil, fizeram-no dizer que uma das Voyager estaria “se aproximando das estrelas” ao sair do Sistema Solar, estando, aliás, meramente depois de Plutão, quando a Nuvem de Öort fica a 0,5 ano-luz.

                        Plutão fica a 5,9 bilhões de quilômetros, que é tão somente 5,4 horas-luz. A estrela mais próxima, exatamente Próxima-Centauro, fica a 4,5 anos-luz, 39,5 mil horas-luz, 7,3 mil vezes a distância de Plutão ao Sol (e, para todos os efeitos, até a Terra, que está nas vizinhanças). A Voyager I foi lançada em 05 de setembro de 1977 e a Voyager II em 20 de agosto de 1977, aquela há 10.196 dias (27,92 anos; 27 anos e 334 dias, a completar 28 anos no próximo mês) e esta há 10.212 dias (27,96 anos; 27 anos e 350 dias, a completar 28 anos neste mês) da data em que escrevo. Precisaram de quase 30 anos (digamos 25, dando os descontos de não sabermos quando passaram por Plutão) para distanciar-se o que seria em linha reta uns seis bilhões de quilômetros - cerca de cinco anos para cada hora-luz. Nesse ritmo chegarão a Próxima em quase 200 mil anos.

                        Como é que estaríamos “nos aproximando” das estrelas? As pessoas não fazem idéia das dimensões do universo, nem fazem questão de fazer contas, mesmo as de regra de três.

                        Agora, um canal respeitado como o Discovery nem se dignar a repassar os dados antes de manifestá-los diante do público é de estarrecer! Só para chegar até a Nuvem de Öort, que fica a 1/9 da distância até Próxima, levariam mais de 20 mil anos. Para uma pessoa que viva 70 anos isto seria pouco mais de um dia, o que elas já percorreram. Até Próxima menos de três horas numa vida inteira. Como é que estaríamos “nos aproximando” das estrelas? Isso não é licença poética, é estupidez mesmo. Por enquanto os seres humanos estamos completamente isolados. Essa é que é a verdade. Se depender só de nós, com a tecnociência que temos até agora, jamais nos “aproximaríamos” das estrelas.

                        Vitória, segunda-feira, 05 de agosto de 2002.

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